Sem categoria

Deputados querem negociar para acabar greve de policiais na Bahia

Deputados participam das negociações entre o governo e a Polícia Militar da Bahia, em greve há uma semana. Alguns apontam a aprovação da PEC 300, que estabelece piso salarial da categoria, como solução para o impasse. Os PMs baianos reivindicam o aumento de uma gratificação salarial e a anistia para os grevistas que aderiram ao movimento. O governo do estado só admite dar os 6,5% do reajuste linear do funcionalismo.

Sem policiamento, os índices de crimes tiveram crescimento acentuado. O Exército e a Força Nacional tentam reforçar a segurança pública e já entraram em confronto com os policiais grevistas que ocupam a sede da Assembleia Legislativa desde o dia 31.

Leia também:
Greve da PM: PCdoB-BA divulga nota em apoio ao governo Wagner

O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) sugeriu uma mesa de negociação coordenada por uma comissão de parlamentares. "Conversei com os trabalhadores da polícia e também com o governador Jaques Wagner sobre a possibilidade de uma comissão de parlamentares, que envolvesse senadores e alguns deputados, e que pudesse abrir uma negociação para tentar resolver rapidamente essa questão da greve na Bahia. O governador foi muito simpático à ideia, disse que faria uma última tentativa (de negociação com os policiais) e, caso não tivesse acordo, ele aceitaria, com certeza, a intermediação dos deputados e dos senadores, na parte da tarde de terça-feira (7)".

Se a mesa de negociação se confirmar nesta terça, Paulo Pereira da Silva pretende se reunir também com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), para a composição da comissão de deputados. Paulinho assinala que o momento pede serenidade e uma negociação democrática. Ele lembra que esse é melhor caminho e "já deu resultados positivos nas greves dos policiais do Maranhão e do Ceará".

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), em nota oficial divulgada no último dia 2, condenou “todos esses atos de vandalismo registrado na capital e em algumas cidades do interior” e manifestou “solidariedade, apoio e compromisso com o governador Jaques Wagner e todo o seu Governo com as ações tomadas para a manutenção da ordem e garantia da tranquilidade e dos direitos dos cidadãos baianos”.

Ainda de acordo com o presidente, “o PCdoB reconhece o legítimo direito de as categorias reivindicarem melhorias salariais e benefícios para os servidores, inclusive a PM, que presta serviço tão relevante à Bahia. No entanto, observa, é importante e necessário valorizar o espaço de negociação, que deve ser feita respeitando o Estado, a democracia e, principalmente, os direitos dos cidadãos. Os atos que presenciamos nos últimos dias mostram que esses valores não estão sendo considerados por esse grupo de policiais”, disse o parlamentar.

PEC 300

O autor da PEC 300, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), acredita que a sucessão de manifestações de policiais pode forçar a votação da matéria na Câmara. “A PEC 300, sem dúvida nenhuma, pode ser a solução para todos os demais estados. Todos os policiais militares vivem hoje uma situação difícil: o bico é maior do que o salário oficial e, quando chega perto da aposentadoria, dá desespero, porque o bico não vale para a aposentadoria, o que vale é o salário oficial".

O governador Jaques Wagner afirma que a greve da PM na Bahia não passa de uma articulação nacional dos policiais pela aprovação da PEC 300. O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse ser contra a manifestação de setores armados e descartou a possibilidade de votação da PEC em meio a greves de policiais.

Solução pacífica

"A base do funcionamento de um comando militar é a hierarquia e homens armados não podem fazer manifestações armadas. Eu sou solidário ao povo da Bahia. Acho que esse tipo de evento não tem sentido em uma democracia e não queremos discutir alternativas políticas para uma situação dessas. Não tem nada a ver a discussão da PEC 300 e de segurança com o que está ocorrendo na Bahia".

Os parlamentares, embora reconheçam os excessos da PM baiana na greve da corporação, apostam numa solução pacífica para finalizar o movimento que entrou no sétimo dia ontem. O deputado baiano Amauri Teixeira (PT-BA) fez um apelo para que os policiais militares grevistas negociem “sem ser à base da força”.

Segundo o parlamentar, o grupo que faz parte de uma associação da PM está fazendo “terrorismo” para negociar direitos da categoria, atentando contra a democracia. “O que está em jogo no estado é a nossa democracia, que vem sendo mais uma vez pressionada por armas. Não há diálogo perante uma arma. Nós lutamos duramente contra a ditadura militar para garantir a liberdade e não vamos aceitar que uma minoria insista em não dialogar”, afirmou, referindo-se à Associação dos Policiais, Bombeiros e de Seus Familiares do Estado da Bahia.

De Brasília
Com agências