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Brasil e China: relações bilaterais ainda mais afinadas

Brasil e China, dois dos gigantes da economia mundial atual, puseram suas cartas sobre a mesa e acordaram equilibrar as disparidades do comércio bilateral, e ao mesmo tempo fortalecer ainda mais seus acordos estratégicos em diversas esferas.

O cenário propício para essa conversa resultou na segunda reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Acordo e Cooperação (Cosban), realizada em Brasília, copresidida pelo vice-presidente do Brasil, Michel Temer, e o vice-primeiro-ministro da China, Wang Qishan.

Dados oficiais indicam que desde 2009 a China é o primeiro sócio comercial do Brasil e a principal fonte de novos investimentos no gigante sul-americano. Afirmam que em 2011 o intercâmbio comercial totalizou US$ 77,1 bilhões, dos quais US$ 44,3 bilhões corresponderam a exportações brasileiras e US$ 32,8 bilhões a importações procedentes da China.

As estatísticas mostram que o superávit comercial do Brasil com a China em 2011, ascendente a US$ 11,5 bilhões, equivale a 38% do saldo positivo total da balança comercial nacional.

Tal relação e nível de comércio não pode, então, ser desprezada, muito menos neste momento em que as potências econômicas do mundo, os Estados Unidos e as pertencentes à União Europeia, atravessam a pior crise financeira desde 1929. Para muitos analistas, a presente crise é ainda mais grave que aquela.

Prova irrebatível da importância que Brasília concede aos seus acordos com Pequim foi dada pela própria presidente Dilma Rousseff ao escolher o gigante asiático como destino de sua primeira viagem a um país fosse do âmbito regional, em abril de 2011, a três meses de ter se convertido na primeira mulher a comandar os destinos desta nação sul-americana.

Mas como em todo acordo entre dois colossos existem diferenças que devem ser equilibradas, Qishan viajou ao Brasil acompanhado de uma reforçada delegação de funcionários do governo e de empresários chineses, interessados em aumentar ainda mais a presença de Pequim no gigante sul-americano.

Em coletiva à imprensa no Palácio do Itamaraty, onde se realizou a reunião da Cosban, Temer e Qishan coincidiram na necessidade de fortalecer os acordos bilaterais e trabalhar para diversificar ainda mais o comércio, os investimentos e a cooperação em diversas esferas, bem como aumentar a coordenação nas reuniões internacionais.

Sobre as relações bilaterais, Temer apontou o interesse brasileiro de aumentar as exportações de carnes (avícola, suína e bovina) e de produtos manufaturados, já que atualmente 80% dos envios de Brasília a Pequim são básicos: soja, ferro e petróleo.

Ele ainda acrescentou que é preciso que os chineses avaliem e coloquem no centro de sua atenção nosso desejo de uma regulação voluntária de suas exportações para o Brasil, pois estamos preocupados com o aumento em massa e indiscriminado de produtos chineses no mercado brasileiro.

Nesta mesma semana, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, foi mais explícito e indicou que o governo brasileiro pediu ao seu par chinês que reduza voluntariamente suas exportações de produtos como têxteis, calçados e eletrônicos, a fim de proteger a indústria nacional.

Não obstante ao pedido, Temer expressou sua certeza de que a segunda Cosban aumentará ainda mais as relações entre os dois países e revelou a conformidade de ambas as partes de realizar este tipo de encontro anualmente e não bienal como se projetou em um início.

Por seu lado, Qishan manifestou a necessidade de que Pequim e Brasília reforcem a colaboração bilateral e trabalhem de maneira conjunta contra o protecionismo, bem como pelo sucesso das cúpulas dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), do G-20 – as 20 principais economias do mundo – e da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.

Destacou que os dois países avaliaram positivamente os resultados da cooperação nas áreas econômico-comercial, investimentos, financeira, ciência, cultura, educação, tecnologia, turismo e esportes, e manifestaram seu interesse de aumentá-las ainda mais.

Reafirmamos, apontou Qishan, a intenção de manter a trajetória de crescimento de nosso intercâmbio comercial e otimizar a pauta bilateral (atualmente favorável ao Brasil em US$ 11,5 bilhões), além de aumentar os investimentos recíprocos em infraestrutura e indústria.

A parte chinesa continuará aumentando a importação de produtos brasileiros de alto valor agregado, disse Qishan, que chamou a aproveitar a Cosban para criar um bom ambiente de cooperação. Afirmou que "com o esforço conjunto das duas partes, nosso futuro será ainda mais esplêndido".

Cooperação científica e tecnológica

Como resultado da segunda Cosban e a visita da reforçada delegação chinesa, ambas as nações decidiram criar o Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia (CBC-Nano), ciência que trabalha com objetos e matérias 10 mil vezes menores do que o diâmetro de um cabelo.

A ordem para a instalação do CBC-Nano apareceu no Diário Oficial da União no dia seguinte de realizado o encontro da Cosban, e estabelece que o centro terá a forma de uma rede cooperativa de pesquisa e desenvolvimento como mecanismo de implementação do Acordo sobre Colaboração Científica e Tecnológica, assinado entre os dois países como parte dos objetivos estratégicos nacionais nesta esfera.

O CBC-Nano coordenará as atividades vinculadas com a cooperação Brasil-China na área da nanotecnologia, deve promover o avanço científico e tecnológico da investigação e aplicações das matérias nanoestruturadas.

Igualmente, consolidar e ampliar a pesquisa em nanotecnologia, expandindo a capacitação científica com o objetivo de explorar os benefícios resultantes dos desenvolvimentos associados a envolvimentos tecnológicos, e desenvolver programas de mobilização de empresas instaladas no Brasil para possíveis extensões na área de nanomatérias.

Fonte: Prensa Latina