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Bolsa Atleta democratiza acesso à carreira no esporte

Quando os megaeventos entram na agenda anual do esporte, caso das Olimpíadas de Londres em 2012, os atletas entram na mira da publicidade e do marketing esportivo, obtendo patrocínio com facilidade. Pode ser uma armadilha, porque o investimento financeiro é retirado assim que o interesse do público muda de foco, alerta Ricardo Leyser, secretário nacional do esporte de alto rendimento.

Criado em 2004, o programa de incentivo já "salvou muito atleta da aposentadoria precoce", explica Vicente Parisi, pai de Hugo Parisi, atleta de saltos ornamentais que está no Bolsa Atleta desde o início e acaba de classificar-se para as Olimpíadas de Londres.

A principal vantagem do Bolsa Atleta é ser um programa contínuo de financiamento, diferente dos acordos efêmeros com empresas privadas, relevou Leyser: “Não vou citar nomes, mas tenho exemplo claro de um atleta brasileiro que chegou à Olimpíada de Pequim com patrocínio da ordem de R$ 50 mil mensais e tinha chance de medalha, mas infelizmente teve azar na final e acabou não conquistando pódio. E o que aconteceu? Dois meses depois, perdeu o patrocínio e ficou em uma situação complicada".

"A bolsa não tem valor muito significativo, mas é algo constante com o qual você pode contar. O patrocínio muda. Ele cresce em ano olímpico e depois vai embora, e aí você fica sem apoio na hora mais importante, que é no início de um novo ciclo", complementou, sob olhares de aprovação do ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Ele exaltou o "valor imaterial" do incentivo.

"(A Bolsa) é um gesto de reconhecimento da sociedade brasileira ao esforço, à disciplina, à superação, ao estilo de vida e ao compromisso de pessoas que são referência para a juventude. Essa bolsa vem carregada de uma simbologia muito grande", apontou Rebelo. Ao seu lado, na mesa colocada no auditório do Esporte Clube Pinheiros, outros atletas concordavam.

"O valor entra no bolo", disse o judoca Tiago Camilo, que se prepara para sua terceira olimpíada. A jovem Michele Lenhardt, que ainda busca vaga nas provas de velocidade da natação, exemplificou o gasto. "A nossa suplementação é cara, o material de treino também. O nosso maiô dura no máximo dois campeonatos. E ainda tem o custo de vida em São Paulo".

Modalidades de pouca expressão também se beneficiam

Felipe Wu, alardeado pelo presidente do Pinheiros, Luis Eduardo Dutra Domingues, como "promessa para os Jogos de 2016", citou a falta de visibilidade do tiro esportivo. "Não é um esporte muito visado, então a Bolsa Atleta foi fundamental para atingir um nível melhor", disse o atleta, que encontra mais dificuldade de arranjar patrocínio do que o já consagrado Tiago Camilo, por exemplo.

A deficiente visual Terezinha Guilhermina foi a representante do movimento paraolímpico escolhida para compor a mesa no Pinheiros. Recordista mundial dos 100 m rasos e dona de uma medalha de ouro paraolímpica, em Pequim 2008, ela exaltou a importância do benefício: "fez para mim a transição do esporte amador para o atletismo profissional".

A atleta relembrou a dificuldade que tinha para bancar a suplementação, as viagens e principalmente o guia. Nesta segunda-feira (12), tinha um ao seu lado: Fábio a conduziu ao palco, serviu água à atleta e permaneceu com ela todo o tempo. "Não menosprezando o patrocínio, mas os contratos são limitados e a bolsa se propõe a todo o ciclo olímpico. Isso é inédito e muito especial", disse.

Com informações do Terra