Coteminas: Fábrica fechada, emprego ameaçado

Enquanto governo, empresários e políticos locais comemoram o projeto imobiliário de R$ 1 bilhão no local hoje ocupado pela Coteminas, cerca de dois mil trabalhadores lamentam o fechamento da fábrica têxtil, localizada em São Gonçalo do Amarante (RN).

O projeto, que inclui shopping center, condomínio e hotel de luxo, além de centro empresarial, foi anunciado pelo presidente do grupo Coteminas, Josué Christiano Gomes da Silva, dia 24/02, na Governadoria. O presidente da Coteminas, filho do ex-vice-presidente José Alencar (falecido), agradeceu o apoio do governo do RN, além de ministro, senadores, deputados, prefeito e empresários presentes na audiência.

O projeto já está pronto para transformar a fábrica de confecções em canteiro de obras. A Coteminas tem 15 fábricas no Brasil, 5 nos EUA, uma na Argentina e uma no México. Vale lembrar que em 2011 o setor têxtil no RN demitiu quase 10 mil empregados.

Segundo José Christiano, parte das atividades e dos empregados será transferida para a fábrica de Macaíba. O setor de fiação e tecelagem, que tem cerca de 600 funcionários, será o primeiro a ser desativado.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Moacir Soares, disse que “A CTB se sensibiliza com a insatisfação dos trabalhadores da Coteminas que neste momento encontram-se com seus empregos ameaçados. Isso por que os herdeiros do ex-vice-presidente José Alencar assumiram transformar a fábrica Coteminas num empreendimento imobiliário. A gente vê esse filme se repetindo, pois isso já aconteceu com a Guararapes, que abriu concordata, desempregando os trabalhadores sem as devidas indenizações. Depois, surgiu um empreendimento imobiliário que é o atual Shopping Midway Mall, na zona sul de Natal. Esse tipo de evolução que mexe com a vida ativa dos trabalhadores nos preocupa. Isto significa precarização e até mais do que isso, que é o desemprego”.

De acordo com Moacir Soares, O terreno de 885 mil metros quadrados onde está instalada a Coteminas foi uma concessão do governo do RN, com isenção de impostos por um longo período, para geração de emprego. Hoje o terreno está sendo vendido a troco de banana para a construção de um empreendimento imobiliário. “A CTB se posiciona contrária a isso e, evidentemente, onde houver um levante de voz dos trabalhadores clamando por justiça e melhores condições de trabalho estaremos presentes na tentativa de preservar o emprego e a manutenção do trabalho”, afirmou Moacir.

Fonte: Blog de Moacir Soares