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Alice Portugal defende candidatura para ampliar espaço para PCdoB

O PCdoB baiano lançou a deputada Alice Portugal na disputa da prefeitura de Salvador. A candidatura de Alice contraria o PT, que cobrava o apoio dos comunistas para o petista Nelson Pellegrino. “Somos uma sigla de porte médio que sente a necessidade de lutar para ganhar mais espaços”, ela se defende. “Salvador não tem tradição de decidir no primeiro turno, e isso nos leva a uma possibilidade de composição mais adiante”, disse, em entrevista ao jornalista Marcelo Osakabe da Revista Época.

Revista Época: O PCdoB terá candidato próprio nesta eleição ou só se lançou para ganhar cacife político?
Alice Portugal: Não, é para valer. A decisão faz parte de uma estratégia nacional de nos lançarmos em cidades onde temos boa aceitação. O PCdoB é o partido mais antigo do país. Somos aliados do PT mas independentes em relação a ele.

Revista Época: O que orientou o lançamento da candidatura em Salvador?
AP: Nosso partido tem bastante força em Salvador e na Bahia. Com três deputados federais e dezoito prefeitos, somos uma sigla de porte médio que sente a necessidade de lutar para ganhar mais espaços.

Revista Época: Como está a costura das alianças?
AP: Temos conversado com os partidos da base do governador Jaques Wagner e da presidente Dilma Rousseff. Já procuramos PPS, PDT, PRB, PTB e até o PMDB, que ainda não decidiu se apresenta candidatura. Mas não é nada adiantado. O período é de um olhar para o outro, ver quem esta se colocando e procurar aliados para este primeiro turno.

Revista Época: Que temas a senhora quer debater na campanha?
AP: A primeira capital do país está em completa desconstrução e abandono. Temos um grave problema de mobilidade urbana, as vias públicas estão congestionadas, áreas tipicamente destinadas ao espaço publico estão sendo privatizadas. Precisamos devolver os encantos da cidade ao seu morador, e também à Bahia. Sou a favor do crescimento da cidade, mas para isso precisamos dialogar com todos os setores da sociedade para resolver todos os nossos problemas. É um recomeço.

Revista Época: Como combater a violência, que cresce na cidade?
AP: Precisamos trabalhar, em conjunto com o governo federal e do estado, em soluções que deixem a polícia mais presente no quotidiano do cidadão. Quero também focar em políticas sociais para os jovens, como escola e esportes. Alguns bairros afastados precisam ser totalmente ressignificados. A inclusão social é chave para combater a violência. O turismo estagnou na cidade, enquanto cresceu em outras cidades do Nordeste. A nossa conversa com a sociedade vai incluir esse segmento, que é estratégico. Algumas cidades podem ter balneário, belezas naturais. Mas quando pensamos em patrimônio histórico, pensamos em Salvador, em função da mescla racial, cultural e religiosa. Precisamos requalificar todos os nossos serviços turísticos, Salvador não é uma cidade de indústria pesada.

Revista Época: Petistas baianos dizem que a sua candidatura atrapalha a pretensão de vencer no primeiro turno.
AP: Não acreditamos que nossa candidatura atrapalhe o projeto do grupo do governador Wagner. Salvador não tem tradição de decidir no primeiro turno, e isso nos leva a uma possibilidade de composição mais adiante. Além disso, alternância não é ameaça, não é ruptura. É salutar para o processo político.