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Altamiro Borges: Paulo Bernardo no alvo da mídia

A mídia demotucana, que se jacta de já ter derrubado vários ministros do governo Dilma, parece que escolheu um novo alvo: o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Nos últimos dias, ele tem aparecido com destaque em vários jornalões. O motivo: um suposto desvio de recursos públicos da época em que ele foi secretário da Fazenda do governo do Mato Grosso do Sul.

Por Altamiro Borges*

Neste intenso bombardeio, alguns colunistas até especulam sobre uma crise entre Bernardo e a também ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil. Giba Um, famoso fofoqueiro que distribui a sua coluna para diversos jornais, espalhou o veneno nesta semana: “Em meio a rumores sobre supostos problemas familiares, o ministro Paulo Bernardo tem motivos para preocupações”.

Ofensiva dos “assassinos de reputações”

De concreto, apenas o fato de que o Supremo Tribunal Federal investiga possíveis irregularidades durante a gestão de Zeca do PT no governo do Mato Grosso do Sul. Segundo depoimento de Pimenta Junior, ex-dono da agência de publicidade Nova Fronteira, o atual ministro teria sido informado sobre as irregularidades na área de comunicação quando foi secretário de Fazenda, de 1999 a 2000.

Paulo Bernardo afirma que não conhece o publicitário e que não é alvo de investigações. Mesmo assim, setores da mídia insistem em condená-lo previamente – afrontando a Constituição, que fixa a “presunção da inocência”. A nova operação derruba-ministro, alimentada por denúncias sem provas, parece se somar à conhecida campanha de “assassinatos de reputação” tão corriqueira na mídia nativa.

Urgência da regulação da mídia

Mas qual o motivo da atual ofensiva contra um ministro que tem evitado atritos com a chamada grande imprensa? No mês passado, a própria mídia noticiou que o Ministério das Comunicações havia concluído o exame do projeto sobre o novo marco regulatório do setor e que abriria uma consulta pública para debater o tema. Será este o motivo deste novo assassinato de reputação?

Este novo episódio deveria servir para provocar a presidenta Dilma Rousseff, que ainda resiste à ideia de debater com a sociedade o tema estratégico da democratização da comunicação no país. Do contrário, o seu governo será um eterno refém da ditadura da mídia, que tenta pautar a política nacional e definir a própria composição do seu ministério.

Quanto mais o governo prolongar o “namorico com a mídia”, como ironizou o ex-presidente Lula, pior será para a presidenta Dilma e para a democracia brasileira!

*Altamiro Borges é jornalista e secretário nacional de Mídia do PCdoB.