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Renato Rabelo e PCdoB são homenageados na Assembleia do RS

O Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (ALRS) foi palco nesta quarta-feira (28) de mais uma homenagem aos 90 anos do PCdoB, completados no dia 25 de março. O deputado Raul Carrion, líder da bancada do Partido Comunista do Brasil, explicou que ao longo de sua história o PCdoB projetou três núcleos dirigentes principais.

Renato PCdoB 90 anos RS - Marcelo Bertani | Agência ALRS

O primeiro, dos fundadores, do qual fez parte Abílio de Nequete, e teve Astrojildo Pereira como principal figura. O segundo, formado a partir da reorganização do Partido em 1943, teve em Luiz Carlos Prestes sua principal referência. O terceiro, constituído a partir da reorganização de 1962, teve como principal ideólogo e organizador João Amazonas. “Hoje vivemos uma quarta geração de dirigentes comunistas, que buscam dar continuidade, renovando os caminhos dos que os precederam. Nossa compreensão é de que esses 90 anos são uma construção de todas essas gerações de comunistas”, afirmou o deputado, que preside a sigla no RS.

Surgimento

De acordo com o discurso de Carrion, o PCdoB foi fundado em 25 de março de 1922, no Rio de Janeiro, por um grupo de jovens trabalhadores. Seu surgimento foi consequência direta das grandes lutas operárias de 1917 e 1919 e da Revolução Russa e refletiu um momento de rupturas no Brasil, do qual são expressão a Semana de Arte Moderna, o levante do Forte de Copacabana, a Coluna Prestes e a Revolução de 1930. Foi o primeiro partido a levantar a luta anti-imperialista, por democracia, reforma agrária, direitos para os trabalhadores e liberdade sindical.

História

Carrion falou sobre a história da sigla. Conforme ele, apenas três meses após sua fundação, o Partido Comunista do Brasil foi proibido. Em 1927, o partido lançou o diário A Nação e constituiu o "Bloco Operário" para participar das eleições, elegendo Azevedo Lima como deputado federal pelo Rio de Janeiro. Nas eleições presidenciais de 1930, lançou, pela primeira vez, um operário para a presidência da República – o negro Minervino de Oliveira.

No ano de 1935, os comunistas e aliancistas sofreram violenta repressão. Neste período Luiz Carlos Prestes foi preso e sua esposa, Olga Benário, entregue à Gestapo e assassinada nas câmaras de gás da Alemanha. Em 1937, Getúlio implantou a ditadura do Estado Novo, em moldes fascistas. Em 1940, o Comitê Central do Partido Comunista caiu nas mãos da polícia do Estado Novo.

Após o Brasil passar por um período de redemocratização, em 1945, o PCdoB elegeu o senador mais votado do país, Prestes, e 14 deputados constituintes. Em 1947, com 200 mil filiados, o Partido editava oito jornais diários, dezenas de revistas e semanários. Também ajudou a juventude brasileira a construir a força da UNE e UBES.

“Preocupadas com esse crescimento, as elites reacionárias anularam, em 1947, o registro do partido e um ano depois cassaram os mandatos de todos os seus parlamentares. Na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, nossos três deputados e todos os seus suplentes tiveram seus mandatos cassados. As sedes do partido e seus jornais foram fechados e forte repressão se abateu sobre os comunistas”, relatou Carrion.

Após profundas divergências no Partido, que levou até à mudança do nome, em uma conferência nacional extraordinária, em 1962, foi realizada uma reorganização, em que a sigla foi denominada PCdoB. “Transcorrido meio século, a vida lhes deu razão. Hoje ninguém tem dúvida sobre qual é, em nosso país, o Partido Comunista do Brasil”, afirmou o deputado.

Após o golpe de 64, o PCdoB organizou a resistência ao regime militar. Conforme Carrion, em 1975, o PCdoB apontou as três bandeiras que a partir daí unificariam todas as oposições na luta pelo fim da ditadura: anistia ampla e irrestrita, fim de todos os atos e leis de exceção e constituinte livremente eleita.

O Partido também participou, em 1984, da campanha das Diretas Já, que levou multidões às ruas. Com o fim da ditadura, foram conquistadas a revogação dos atos e leis de exceção e a convocação da Assembleia Nacional Constituinte. "Por sua ativa e destacada participação em todas essas lutas, o PCdoB reconquistou a legalidade em 1985."

Segundo Carrion, o Partido teve ainda importante participação na formação da Frente Brasil Popular, em 1989, que lançou Luiz Inácio Lula da Silva para a presidência da República, levando-o para o 2º turno, e, no início dos anos 1990, quando muitos afirmavam que “o socialismo morreu”, o PCdoB aprovou seu Programa Socialista para o Brasil.

Atuação recente

O comunista destacou a participação da sigla no governo Lula, desde seu primeiro mandato, e nos governos de Dilma e de Tarso. Ele lembrou que, nas eleições de 2010, a sigla teve a quarta maior votação para o Senado, ficando atrás apenas do PT, PMDB e PSDB. “Considerando os votos de todos os seus candidatos, o PCdoB totalizou 18 milhões de votos, contando hoje com dois senadores e 15 deputados federais e firmando-se como importante força no cenário político”, afirmou.

Para Carrion, a trajetória de 90 anos do Partido Comunista do Brasil se confunde com a história do povo brasileiro. “Não há uma conquista política ou social neste país que não tenha contado com a luta e a participação dos comunistas. Foi o primeiro partido a levantar no Brasil a luta anti-imperialista e pela Reforma Agrária. Defendeu desde o início os direitos dos trabalhadores e a liberdade e autonomia sindicais. É o único Partido existente que participou de três Constituintes Republicanas”, relatou o deputado.

Ao final de seu discurso, o parlamentar informou que está protocolando um Projeto de Resolução que torna nulo o Ato Declaratório da Mesa da Assembleia Legislativa gaúcha, que em 14 de janeiro de 1948, em pleno recesso, cassou os mandatos dos deputados Antônio Ribas Pinheiro Machado Neto, Dionélio Machado e Júlio Teixeira, e todos os suplentes do Partido Comunista do Brasil.

Apartes

Manifestaram-se, em apartes, os deputados Catarina Paladini (PSB), Márcio Biolchi (PMDB), Gerson Burmann (PDT), João Fischer (PP), Raul Pont (PT), Jurandir Maciel (PTB), Luciano Azevedo (PPS) e Jorge Pozzobom (PSDB).

Medalha Mérito Farroupilha

A sessão teve sequência com a entrega da Medalha do Mérito Farroupilha, maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa do RS, ao presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo. Na ocasião, também foi entregue uma placa pelo Parlamento gaúcho em homenagem aos 90 anos do Partido.

"É uma grande honra receber essa distinção máxima da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, porque ela expressa a vontade do povo desse estado, que é combativo e glorioso. Dedico ela ao Partido", disse Rabelo ao receber a honraria.

O dirigente do PCdoB também relembrou momentos históricos do partido e afirmou que o mesmo, apesar de completar 90 anos de existência, é jovem e moderno. Rabelo salientou a importância de lideranças femininas dentro da sigla e também da juventude socialista, que está organizada há 28 anos.

Fonte: Imprensa ALRS