Grito de alerta: a saída é pelo Vetor Oeste

Seguindo as tradições, a Assembleia de Minas neste mês de abril foi palco de um movimento de vital importância para o Brasil atual, com a realização do Ciclo de Debates em Defesa da Produção e do Emprego – Contra a Desindustrialização, reunindo numa mesma mesa empresários e trabalhadores, FIEMG e Centrais Sindicais.

O grito de alerta contra a desindustrialização ficou evidente nos debates. Apesar das projeções para 2012 de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 3,5% a 4%, índice que deve se repetir em 2013 e subir para 4,5% em 2014, assistimos a um deficit na balança comercial em relação aos produtos manufaturados que, em 2011, ficou em US$ 92 bilhões. Em 2006, o saldo desse setor tinha sido positivo em US$ 5 bilhões, números esses destacados pelo Presidente da Assembleia de Minas, Dinis Pinheiro.

Em 1984, a indústria participava no equivalente a 34,9% do PIB brasileiro, caindo esse percentual para 15,8% em 2011. Nas exportações, as commodities agrícolas e minerais respondem por 62%. Apesar de ser o décimo maior parque industrial do mundo, o Brasil ocupa a 44ª posição em rendimento industrial.

Em 2010 tivemos uma expansão do mercado interno brasileiro de 14,2%, que sem dúvida alguma é um grande avanço. Contudo, a indústria nacional respondeu por apenas 53,2% dos produtos comercializados, enquanto os outros 46,8% foram produtos importados. No setor de máquinas, tivemos uma expansão ainda maior (em torno de 36%), mas as máquinas importadas abocanharam 59,7% desse mercado.

O cenário é ainda mais preocupante em Minas Gerais. Em 2011, Minas respondeu por 95,3% do superavit comercial do Brasil. O saldo positivo brasileiro foi de US$29,7 bilhões, enquanto o de Minas foi de US$28,3 bilhões. Esse superavit é garantido disparado pela exportação da mineração e dos produtos agrícolas. Essa situação coloca Minas Gerais muito vulnerável aos humores do mercado internacional.

Falar em luta contra a desindustrialização de Minas é colocar no centro da discussão o chamado Vetor Oeste da Região Metropolitana de Belo Horizonte, que tem como expoentes a região do Barreiro e os municípios de Betim e, de forma destacada, Contagem.

Enquanto o Barreiro possui uma grande siderúrgica que fabrica produtos de alto valor agregado, Betim sedia a indústria Petroquímica (Refinaria Gabriel Passos – PETROBRAS) e a indústria automobilística (FIAT). Por sua vez, Contagem, considerada como o berço da indústria mineira, abriga o maior parque industrial instalado e possui grande diversidade de produção, com indústrias químicas, de biotecnologia, elétrica, alimentícia, perfilados, autopeças etc.. Considero Contagem como o trevo do Brasil, onde se cruzam as BR-040, 381 e 262, além de contar com extensa malha ferroviária, que atualmente tem seus trilhos entregues à ferrugem.

Nos últimos anos, o Vetor Oeste foi relegado a segundo plano, em detrimento de outros vetores, que não tem a mesma vocação industrial. Para dar consequência ao “grito de alerta” contra a desindustrialização, saindo dos discursos e indo à prática, temos que reimplantar urgentemente um ousado programa de investimentos no Vetor Oeste, com especial destaque para a cidade de Contagem.

Nosso saudoso Tancredo Neves, quando liderava nós todos brasileiros no caminho da redemocratização, gostava muito de citar uma paráfrase que diz: “não se tira o sapato antes de chegar à margem do rio. Mas não se vai ao Rubicão (rio que todo guerreiro tinha que cruzar para conquistar Roma) para pescar”. Pois bem, a margem do nosso rio é o reforço da indústria mineira e nosso “Rubicão” é a retomada urgente dos investimentos no Vetor Oeste, sendo Contagem a locomotiva mestra dessa grande jornada.

Deputado Estadual Carlin Moura