Grito da Terra começa em MT

Mais de 300 trabalhadores e trabalhadoras percorreram as ruas da cidade de Nossa Senhora do Livramento-MT e participaram do I° Encontro da Agricultura Familiar, promovido pelo Sindicato e apoiado pela Fetagri, Contag e CTB-MT.

Na manhã da terça feira, dia 24 de abril, a calma e pacata cidade de Nossa Senhora do Livramento viveu um dia atípico: é que mais de 300 trabalhadores e trabalhadoras rurais tomaram as ruas para reivindicar seus direitos.

Desde as 6 horas da manhã as caravanas de diversos assentamentos começaram a chegar na cidade e, a partir das 8 horas, iniciou a grande passeata, animada por um carro de som e colorida com várias faixas estampando as principais reivindicações e muitas bandeiras e bandeirolas do Sindicato da Fetagri e da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil.

Em sinal de alerta e protesto, os manifestantes interditaram, de forma pacífica, a Rodovia BR-070 por cerca de 40 minutos, ocasião em que sensibilizaram os motoristas e demais passageiros sobre os objetivos do movimento, bem compreendido e aceito por todos.
A seguir, os participantes deslocaram-se até um ginásio de esportes, onde participaram do 1° Encontro da Agricultura Familiar, com as presenças de lideranças locais e estaduais do movimento, bem como da CTB-MT.

Segundo o presidente do sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras rurais do município, companheiro Simão Gumercindo, “a manifestação foi bastante gratificante, tanto pelo número de participantes, bem como das presenças das autoridades que prestigiaram o evento.” Entretanto, ressaltando justa preocupação, afirmou “que todas as nossas reivindicações para serem atendidas necessitam de uma tomada de decisão política dos órgãos diretamente envolvidos, tais como o INCRA, o INTERMAT, o IBAMA, a Casa Civil, entre outros.”

Já o presidente da FETAGRI, Adão da Silva, elogiou o espírito aguerrido dos presentes e cobrou das autoridades competentes uma solução imediata para as reivindicações dos trabalhadores rurais. Ressaltou que essa mobilização é parte da mobilização que o movimento camponês, sob o comanda da CONTAG, está realizando como preparação ao “Grito da Terra Brasil 2012”, o qual culminará com um grande Ato Político em Brasília, no dia 30 de maio.
Falando em nome da CTB-MT, a presidente Nara Teixeira, saudou os presentes e elogiou o espírito de garra e determinação de todos e todas, enfatizando “que a luta pela efetiva reforma agrária e pelo apoio à agricultura familiar e solidária é uma das principais bandeiras da nossa Central Sindical, a CTB.”

Reivindicações: Durante o 1° Encontro foi aprovado uma pauta de reivindicações, com destaque para: a regularização e desapropriação das fazendas, Cerrado, Capão redondo e Campo Alegre de Cima; vistorias e indenizações da benfeitorias as famílias de Trabalhadores Rurais da Associação do Aguaçú, Gleba Jaçanã e União do complexo Mata Cavalo; regularização e titularização dos Projetos de Assentamentos criado pelo Intermat e Incra; construção de uma Escola Agrotécnica no município; assistência técnica permanente; regularização e titularização das famílias das Comunidades São Manoel do Pari e Aguassú Monjolo; implantação imediata do CAR(Cadastro Ambiental Rural), o qual possibilitará o reconhecimento e a idoneidade do trabalhador rural dando acesso a financiamentos e demais benefícios; etc.

O Perfil do Município: Nossa Senhora do Livramento é um dos mais antigos municípios de Mato Grosso, localizado na região do Pantanal. Sua origem remonta ao século XVIII, com a criação do povoado de Cocais, impulsionado pela exploração do ouro. Em 1883, ganhou estatus de “provincia” com a denominação de “Livramento”. Em 1943 retoma a denominação de “São José dos Cocais” e, em 1948, volta a denominação de Nossa Senhora do Livramento. Hoje, sua população está estimada em cerca de 11.500 habitantes, com quase 70% residindo na zona rural. No município há 22 projetos de assentamento sob a responsabilidade do INTERMAT (Instituto de Terras de Mato Grosso) e 2 sob o comando do INCRA, envolvendo cerca de 3 mil famílias. Também há no município diversas comunidades quilombolas reivindicando a regularização das terras de seus antepassados e que lhes pertencem.