Etiópia elogia relações da China com a África

O primeiro-ministro etíope Meles Zenawi declarou que a China está empenhada na recuperação da África depois que a ideologia ocidental fracassou nas últimas três décadas e deixou o continente para trás.

Ele disse que o chamado Consenso de Washington, que teve como objetivo liberalizar as economias dos países em desenvolvimento comprovadamente falhou e os chineses estão recolhendo os cacos desse estrago.

"A doutrina oficial entre as instituições financeiras internacionais no passado estabelecia que a infraestrutura na África seria atendida pelo setor privado. Bem, nós esperamos 30 anos e nada aconteceu", disse ele.

"Quando as empresas chinesas entraram e começaram a construção de infraestrutura em grande escala, preencheram essa lacuna importante no desenvolvimento da África. Nós, africanos devemos nos sentir muito satisfeitos com a China."

Zenawi disse que o investimento chinês na África transformou o destino econômico do continente.

"Em primeiro lugar, foi o crescimento da China que aumentou os preços das commodities, minerais e outros produtos de África, que antes declinavam, o que tinha levado á marginalização da economia africana como um todo".

"Em segundo lugar, as empresas chinesas vieram à África para desenvolver recursos que estavam ociosos por algum tempo. E, em terceiro lugar, os chineses têm trilhões de dólares de poupança e uma parte disso está sendo usada para desenvolver a infraestrutura na África. "

Investimentos chineses em infra-estrutura na Etiópia remontam a 1972, quando a China financiou a estrada Wereta-Weldiya.

Durante os próximos três anos, uma empresa estatal chinesa construirá a parte final de uma linha ferroviária de 339 quilômetros que liga Adis Abeba ao Djibouti, no Mar Vermelho.

Os chineses também estão financiando uma estrada ao longo da mesma rota, e as empresas chinesas estão fazendo grandes investimentos em energia hidrelétrica e para a criação de redes de celular e 3G.

Zenawi, que vive em vias engarrafadas, diz que a falta de infraestrutura é um dos problemas mais graves da África.

O Banco Mundial estima que o continente como um todo tem uma lacuna de financiamento anual de infraestrutura de 90 bilhões de dólares.

"Quando você tem uma lacuna desse tamanho em um setor-chave como infraestrutura, você pode imaginar até que ponto isso afeta as perspectivas do desenvolvimento deste continente", disse ele.

Dominando o horizonte de Addis Ababa horizonte, vê-se o novo edifício da sede da União Africana, que custou 124 milhões de dólares, obra construída pela China, e que está em contraste marcante com grande parte da arquitetura degradada da cidade.

Não só foi construído pelos chineses, mas doado como o "presente da China para a África".

Zenawi rejeita críticas de alguns elementos dentro do continente, que afirmam que um edifício de alto nível como este devia ter sido construído com recursos exclusivamente africanos.

"Estou certo de que se tivéssemos feito isso, teríamos sido acusados de perseguir projetos 'elefantes brancos'.

Zenawi fez uma visita oficial à China em agosto do ano passado, ocasião em que fez questão de incentivar os industriais chineses a investirem na Etiópia.

Poucas semanas depois de sua visita uma delegação oficial chinesa visitou o país, e um empresário de Guangdong, Huajian, instalou uma fábrica de calçados.

"Eu pensei que seria rápido, mas eu não esperava que fosse tão rápido", disse.

Zenawi acredita que a Etiópia pode ser um centro de produção alternativa atraente para a China, como são o Camboja, a Tailândia e Bangladesh.

"Tudo que requer é compromisso e crença na capacidade dos africanos de fazer o que outros têm feito, e se lhes for dada uma chance de lutar Tenho certeza de que vai sobreviver."

Fonte: China Daily