Em funeral, Nicarágua promete seguir exemplo de Tomás Borge

O comandante nicaraguense Tomás Borge descansa como desejou, junto aos restos de outro fundador da Frente Sandinista de Libertação Nacional: Carlos Fonseca, depois do massivo ato de quarta à noite encabeçado pelo presidente Daniel Ortega.

Salvas ao ar em honras militares, Toque do silêncio, uma multidão compacta rodeando a tumba, em espaço construído ao pé do mausoléu a Fonseca na Praça da Revolução em Manágua, enquanto transmissões ao vivo pela televisão davam conta do acontecimento.

Ali estavam Ortega, Rosário Murillo, familiares de Borge, delegações de diversos Estados, foi só o adeus ao corpo inerte, porque seus ideais seguirão traçando caminhos para a Nicarágua, disso deu mostras o povo e o Parlamento em justa valoração do homem estimado por sua lealdade, coragem, sentido crítico para reconhecer erros próprios e vocação unitária.

Milhares de pessoas e representantes de governos, partidos e organizações da América Latina participaram na homenagem, que momentos antes tiveram como palco a próxima Praça da Fé, onde o Presidente e o Cardeal Miguel Obando centraram as intervenções.

Em ambas as praças o carinho e a admiração para o revolucionário, o último dos fundadores da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) que combinava com vida.

Ortega resumiu com pensamento de Fidel Castro quem foi Tomás: "o poeta, o escritor, o irmão", para o que se deseja que "suas ideia brilhantes e valentes prevaleçam", como escreveu o líder cubano em dedicatória, depois de ler o livro Um grão de Milho, uma lendária entrevista que Borge lhe fez em Havana em 1992.

O caixão com o corpo de Borge acompanhou à multidão na Praça da Fé e "estou seguro que Tomás está com muita alegria", com esta juventude, com este povo, com esta Nicarágua que vimos construindo, cristã, socialista e solidária, afirmou o mandatário desta nação centro-americana.

Como homenagem póstuma, o destacado lutador recebeu a máxima condecoração do Exército da Nicarágua, entregue pelo presidente à viúva de Borge, Marcela Pérez.

O presidente agradeceu as múltiplas mostras de solidariedade recebidas e compartilhou com os presentes as correspondências de pêsames dos presidentes de Equador, Rafael Correa, e Venezuela, Hugo Chávez, a quem desejo saúde para continuar a luta bolivariana por seu povo e as outras nações do mundo.

"O comandante Tomás Borge foi um revolucionário com o mais alto grau de patriotismo que amou a Nicarágua sem se importar sua própria vida", assegurou na tribuna da Fé o cardeal Miguel Obando.

Assistiram o ato o vice-presidente da República, Omar Halleslevens; a coordenadora do Conselho de Comunicação e Cidadania, Rosário Murillo; o vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros de Cuba Ramiro Valdés e o chanceler de Venezuela, Nicolás Maduro.

Também participaram o Prêmio Nobel da Paz 1992, Rigoberta Menchú, o presidente da Assembleia Nacional de El Salvador, Sigfrido Reyes, representantes do corpo diplomático credenciado aqui, René Núñez, titular do Parlamento nacional, e altos servidores públicos de todos os poderes do Estado, entre outras personalidades.

Nascido em 13 de agosto de 1930, Borge faleceu em 30 de abril, depois de várias semanas em terapia intensiva do hospital militar nesta capital onde sofreu uma intervenção cirúrgicapor causa de um tumor cancerígeno no pulmão.

Em luto nacional por três dias, as honras fúnebres começaram em 1º de maio; dezenas de milhares de compatriotas foram ao Palácio Nacional, onde esteve exposto o ataúde, enquanto na Praça da Revolução aconteceu um show para cantar a vida, porque os nicaraguenses veem Tomás como alguém que "venceu a morte".