Ministério Público abre inquérito contra ex-ministro Wagner Rossi

O Ministério Público Federal converteu em inquérito um procedimento administrativo envolvendo o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi para investigação de suposto loteamento de cargos na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O procedimento havia sido instaurado em agosto depois de denúncias que revelavam que a Conab abrigava parentes de políticos do partido de Rossi, o PMDB.

A portaria que transformou o procedimento administrativo em inquérito diz que a investigação apura suposta prática de nepotismo e favorecimento de pessoas vinculadas a autoridades públicas.

Ouvido nesta quarta-feira (2) pelo jornal Folha de S.Paulo, Rossi — que deixou o Ministério em meio a acusações de irregularidades — disse que os seus atos foram legais e que toda investigação é "bem-vinda". "Nunca contratei, na Conab ou no Ministério, qualquer pessoa que tivesse vínculo familiar comigo. Não se pode falar em nepotismo."

De acordo com o Ministério Público do Distrito Federal, a conversão em inquérito ocorreu porque venceu o prazo de 180 dias do procedimento administrativo sem conclusão. O inquérito tem prazo de ao menos mais um ano, quando a Procuradoria decidirá quais medidas podem ser adotadas.

No período em que Rossi dirigiu a Conab, de junho de 2007 a março de 2010, ele deu ordem para mais que quadruplicar o número de assessores especiais no gabinete do presidente — de seis para 26.

Muitas das vagas foram preenchidas depois que Rossi deixou a estatal e assumiu o comando da Agricultura. Receberam cargos, entre outros, parentes do senador Renan Calheiros (AL), dos deputados federais Henrique Eduardo Alves (RN) e Mauro Benevides (CE) e também do ex-governador Orestes Quércia, que morreu em 2010.

Fonte: Folha de S.Paulo