Ex-agente da CIA justifica uso da tortura para obter confissões

O ex-agente da CIA José A. Rodríguez Jr., interrogador dos principais líderes da o Qaeda presos no cárcere dos Estados Unidos em Guantânamo, Cuba, defendeu nesta quinta-feira (3) a aplicação de torturas aos réus.

Segundo o ex-militar de origem porto-riquenha, as práticas para conseguir informação utilizadas pelos oficiais baixo seu comando, foram "totalmente legais" e contribuíram a salvar vidas de estadunidenses.

Defendeu, de igual forma, os chamados "interrogatórios melhorados" durante uma entrevista de uma hora transmitida nesta quinta-feira (3) no programa Morning Joe, da rede televisiva MSNBC News.

Rodríguez publicou nesta semana o livro "Hard Measures" (Medidas Duras), que levantou a polêmica no país sobre a legitimidade da utilização da tortura.

O ex-agente está sendo entrevistado pelas principais correntes televisivas do país, onde vem defendendo a "utilidade" dos métodos agressivos de interrogatórios na luta contra organizações terroristas.

De acordo com o texto de Rodríguez, aposentado da CIA em 2007 depois de 31 anos de serviço, foi legítimo o tratamento que receberam líderes da Qaeda como Khalid Sheikh Mohammed, suposto cérebro dos atentados de 11 de setembro de 2001 e enclausurado em prisões clandestinas entre 2003 e 2006.

Sheij Mohamed foi submetido a afogamentos simulados em 183 ocasiões e alojado em celas frias, sem janelas e privado de sono durante 180 horas seguidas, destaca o material.

Similares técnicas foram aplicadas a Abu Zubaydah, o terceiro de mais alto cargo da organização talibã e Abd Rahim Nashiri, acusado de planejar o atentado contra o barco da Marinha de Guerra estadunidense USS Escola, em 2002.

Ainda que o próprio presidente Barack Obama tenha reconhecido que o chamado "submarino" e outras "técnicas melhoradas" foram métodos de tortura, similares aos praticados pelos japoneses e alemães nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, Rodríguez considerou o contrário.

"Nosso programa de afogamento simulado baseia-se em um programa de treinamento militar; dezenas de milhares de uniformados estadunidenses se adestram nestes procedimentos ante a possibilidade de ser capturados em algum dia e saberem o que se sente", reconheceu.

Rodríguez colheu críticas de seus superiores ao reconhecer que decidiu eliminar as gravações de interrogatórios, porque essas "imagens feias" podiam pôr em perigo a muitos agentes.

Fonte: Prensa Latina