"Perdemos com Tinoco o início da música de raiz", diz Inezita

Tinoco morreu aos 91 anos na madrugada desta sexta-feira (4) em decorrência de edema pulmonar e insuficiência cardíaca, de acordo com José Carlos, 52, seu filho e empresário. O cantor estava internado no Hospital Municipal Doutor Ignácio Proença Gouvêa, na Mooca, zona leste de São Paulo. A morte repercutiu entre artistas que fizeram questão de lembrar a importância de Tinoco para a música brasileira.


Tonico e Tinoco / foto: divulgação

"Antes de ontem ele gravou comigo, no meu programa. Estava muito bem, alegre, fazendo brincadeira, piada, coisa rara de ele fazer. Sentou do meu lado, o entrevistei, e aí vieram todos os artistas homeneageados, e ele cantou tudo junto com eles, tudo de cor, maravilhoso, ele era uma coisa de Deus. Quando ele saiu, falei: "Volte logo!". E ele respondeu com aquele jeitinho dele. Acho que perdemos com ele o início da música de raiz. Eles abriram as porteiras para esse tipo de música, que é muito querido pelos paulistas do interior, por exemplo, porque retrata alma caipira. Musica de raiz é uma coisa importante. Viajei com ele, fiz muitos shows. Eles eram duas pérolas, duas pessoas incríveis. Só deixam memórias alegres."
(Inezita Barroso, cantora e apresentadora do programa "Viola, Minha Viola")

"Ele e Tonico formaram uma dupla muito significativa. Foram uma espécie de embrião da música sertaneja de hoje."
(Luiz Tatit, cantor)

"Ele representava uma coisa autêntica, música sertaneja de verdade, de raiz. Não tinha nada a ver com esse sertanejo pop, esse bolerão de cais de porto que invade a mídia. Ele fazia uma música bonita, simples, que expressava um estado de espírito genuíno."
(Júlio Medaglia, maestro)

"Foi uma figura muito importante para a música que faço. Ele deu ao país a herança das duplas sertanejas, Chitãozinho e Xororó, Zezé Di Camargo e Luciano, esse jeito de cantar foi eles que inventaram. As duplas sertaneja são um formato que eles consagraram, que eles popularizaam. Deram visibilidade nacional a isso, cantando com violão e viola. E vieram cantando a cultura caipira, que vai desde a simplcidade deles, Tonico e Tinoco, até a complexidade de Tarsilia do Amaral, Monteiro Lobato. Cultura muito rica. Faz parte da cultural nacional. Ele tinha a consciência histórica do significou o trabalho dele. Lembro de histórias divertidíssimas com eles, eles eram ótimos, muito engraçados. Uma vez foram a uma emissora de rádio que promoviam artistas, para tocar no estúdio. O contratante chamou o Tinoco e falou pra ele: ªNão tem cachê, a gente paga só a gasolina do carroº. Ele respondeu: ªMas o tanque do meu carro funciona é com milho."
(Renato Teixeira, cantor)

"Ele faz parte da ancestralidade da música sertaneja. Integrou o processo de formação de uma vertente da música brasileira. Tinha uma ingenuidade muita bonita que se perdeu na música pop sertaneja."
(Hermínio Bello de Carvalho, músico)

"Tonico e Tinoco foram verdadeiros artistas, vieram do circo, então além de cantores eram atores. Tinoco, especialmente, podia contar a história mais dramática que fosse, mas fazia você dar risada no fim."
(Marciano, da dupla João Mineiro e Marciano )

Fonte: Folhaonline