Mulheres do PCdoB querem mais da luta pela emancipação

As palestras, debates e conversas nos intervalos da 2ª Conferência Nacional do PCdoB sobre a Emancipação da Mulher servem para aumentar a consciência das mulheres sobre a necessidade de fortalecer a luta de emancipação feminina. Os avanços registrados ao longo dos anos são poucos ainda diante da realidade vivida; um cotidiano de jornada dupla de trabalho, de salários baixos e falta de estrutura física, como creches onde deixar os filhos para trabalhar.

Mulheres do PCdoB querem mais da luta pela emancipação - Leonardo Brito

A esta avaliação, juntam-se as queixas das mulheres negras que, segundo elas, são ainda mais oprimidas. Segundo Ubiraci Matilde de Jesus, da Bahia, as mulheres negras estão abaixo dos homens brancos, das mulheres brancas e dos homens negros. E cobram do Partido um olhar diferenciado para a situação delas, destacando que as negras representa quase 80% de trabalhadoras domésticas, um profissão pouco valorizada e mal remunerada.

Rosa Anacleto, de São Paulo, confirmou a fala da companheira de Partido. "O racismo contra as mulheres negras é uma das situações mais difíceis no debate sobre a emancipação das mulheres", denunciou.

“A discussão não é tranqüila, mesmo em um espaço plural como esse, exige que as mulheres negras se manifestem para expor que as mulheres não são iguais. As mulheres negras estão em situação abaixo do homem branco, da mulher branca, do homem negro”, enfatiza, destacando que isso exige mais esforço e um olhar diferenciado sobre a questão racial.

Ela elogiou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento da ação de cotas raciais nas universidades, porque, segundo ela, “deixou claro que existe racismo e é preciso ter políticas públicas para combater isso. O reconhecimento disso pelo Judiciário brasileiro demonstra que precisamos encarar a situação”.

Eva Daiani, da Bahia, negra como Rosa, identifica como principal problema na luta das mulheres a dupla jornada – conciliar atividades de trabalho e de casa – e a emancipação financeira. “Apesar de terem entrado no mercado de trabalho, as mulheres ganham menos que os homens e no caso das mulheres negras, a situação ainda é pior. Ela também elogia as políticas públicas, principalmente para as mulheres negras, que ajudam a minimizar os problemas.

Conquistar as mulheres

Para Márcia Ramos, de Pernambuco, o grande desafio de hoje é ganhar essa parcela feminina, que é maioria da população, para a luta de libertação da mulher. “É preciso elevar a consciência dessa parcela da sociedade que, em muitos casos não se considera oprimida.

A naturalização colabora para que as mulheres não percebam essa opressão. É preciso o nível exacerbar com casos de violência explícita para que ela se dê conta da violência, que está presente no dia-a-dia, na brincadeira, na piada, na publicidade, avalia Márcia Ramos.

E enfatiza a necessidade de “desnaturalizar a opressão e elevar o nível de consciência das mulheres, por que são elas que têm que empunhar essa bandeira. Portanto, é preciso fortalecer esse debate para que essa consciência aflore”, concluiu.

De Brasília
Márcia Xavier