Brasil e China oficializam sistema de intercâmbio parlamentar

O presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-China, deputado Osmar Júnior (PCdoB-PI), afirmou que, além das relações comerciais, é preciso aprofundar o conhecimento entre as duas nações em outras áreas.

Parlamentares brasileiros e chineses realizaram nesta sexta-feira (8), em Pequim, a primeira reunião do Mecanismo de Intercâmbio Parlamentar Brasil-China. O presidente da Câmara, Marco Maia, afirmou que o objetivo desse intercâmbio é acelerar a implementação de acordos entre os dois países, facilitar debates, aperfeiçoar o funcionamento dos Legislativos e ajustar legislações convergentes.

A reunião ocorreu no Grande Salão do Povo, sede da Assembleia Popular Nacional da China (o Parlamento chinês).

O presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-China, deputado Osmar Júnior (PCdoB-PI), afirmou que, além das relações comerciais, é preciso aprofundar o conhecimento entre as duas nações em outras áreas, como a cultural. “Um dos primeiros temas de interesse do Brasil refere-se ao legado das Olimpíadas”, disse.

Já o vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento chinês e presidente da Comissão Brasil-China, Ma Wenpu, defendeu a união entre os dois países para enfrentar a crise econômica mundial: “É preciso intensificar as relações diretas sino-brasileiras também na ONU [Organização das Nações Unidas], na OMC [Organização Mundial de Comércio] e com os demais integrantes do Brics para ampliar a defesa dos interesses dos países em desenvolvimento no cenário mundial. Esse acordo, que passa a vigorar hoje, tem importância estratégica para essa união.”

Além de Brasil e China, o Brics é formado por Rússia, Índia e África do Sul.

Durante a reunião desta sexta-feira, a presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), falou sobre a forma de funcionamento do Congresso Nacional brasileiro; o líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP), fez uma apresentação sobre a situação econômica do Brasil; e o líder do PSDB, deputado Bruno Araújo (PE), falou sobre a legislação cooperativa do Brics.

Economias complementares
Também nesta sexta-feira, a comitiva brasileira foi recepcionada pelo presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular Nacional da China, Wu Bangguo. Segundo ele, o atual estágio de relacionamento comercial entre os dois países permite afirmar que Brasil e China são “economias complementares”.

“O governo chinês, a partir do Mecanismo Bilateral, incentivará investimentos de empresas chinesas no Brasil, principalmente nas áreas de alta tecnologia e infraestrutura, o que inclui trens de alta velocidade, portos e energia. Também queremos incrementar relações culturais, na educação, saúde, turismo e esporte.”

Para o presidente da Câmara, Marco Maia, o Brasil tem necessidade de receber investimentos em infraestrutura, energia e transporte. “E a China, com o aumento do poder de consumo de seu povo, oferece muitas oportunidades para as empresas brasileiras”, ressaltou.

Marco Maia afirmou, ainda, que há consenso entre Brasil e China para estimular a aproximação entre todos os membros do Brics como forma de alcançar maior respeito e um tratamento diferenciado por parte dos países desenvolvidos.

Parceiros estratégicos
Na quinta-feira (7), também em Pequim, a comitiva brasileira foi recebida pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. Para ele, a rapidez com que as relações entre Brasil e China aumentaram se dá pelos esforços conjuntos de ambos os governos. “Espera-se que a troca comercial exceda 100 bilhões de dólares neste ano, como resultado da notável melhora da escala da cooperação pragmática”, disse Wen Jiabao.

A China superou os Estados Unidos como o principal parceiro comercial do Brasil, com uma troca que, em 2011, alcançou 77,1 bilhões de dólares e um superávit de 11,5 bilhões de dólares a favor do Brasil. Os chineses também se tornaram os maiores investidores estrangeiros no País.

Sobre a crise financeira mundial, Wen Jiabao afirmou que é necessário promover uma reforma da governança internacional, na qual os países em desenvolvimento – como a China, o Brasil e os demais integrantes do Brics – tenham responsabilidades comuns e diferenciadas.

Por sua vez, Marco Maia avaliou que “não existe solução para a crise sem ouvir os países em desenvolvimento”.

A comitiva brasileira também se reuniu na quinta-feira com o vice-presidente da Assembleia Popular da China, Wang Zhaoguo. Ele destacou que o acordo entre os Legislativos é fundamental para a parceria estratégica entre as duas nações. “Além de uma contribuição para o desenvolvimento justo, pacífico e harmonioso entre os dois países, também contribuímos para a paz mundial”, avaliou.

Os deputados brasileiros permanecem na China até domingo (10). A próxima reunião do Mecanismo de Intercâmbio Parlamentar Brasil-China ocorrerá em novembro, no Brasil.

Fonte: www.boainformacao.com.br