França: socialistas conquistam maioria absoluta no Parlamento

O Partido Socialista francês conquistou neste domingo a maioria absoluta dos deputados da Assembleia Nacional, com 291 deputados eleitos, de um total de 577 cadeiras, conforme as pesquisas de boca de urna divulgadas logo após o fechamento das urnas, às 20h (15h em Brasília). 

Depois de retornar à presidência da República após 17 anos, com a vitória de François Hollande em maio, agora os socialistas protagonizam o melhor resultado nas eleições legislativas desde 1981 e são majoritários em todas as instâncias do poder na França.

Os socialistas já dominam o Senado e a maior parte dos governos regionais e municipais. A maioria absoluta seria conquistada na Assembleia a partir de 289 cadeiras. Com a vantagem, Hollande não precisará do apoio dos Verdes nem da Frente de Esquerda para aprovar os projetos que pretende começar a enviar ao Parlamento já a partir de julho.

O apoio é fundamental para o chefe de Estado cumprir promessas de campanha como a reforma tributária, com a aplicação de mais impostos sobre os ricos, e a recuperação industrial. A maioria ainda vai permitir tomar medidas impopulares para cumprir o compromisso da França de reduzir o seu déficit abaixo dos 3% do PIB até 2013.

Os resultados ainda são provisórios e variam conforme o instituto de pesquisa. No total, a esquerda obteve de 312 a 326 cadeiras, segundo as apurações dos institutos Ipsos, CSA ou Sofres. Os eleitores elegeram 541 deputados neste domingo, que se somam aos 36 eleitos no primeiro turno, no domingo passado. O primeiro turno foi marcado por um nível de abstenção recorde, de 42,7%, confirmado no segundo turno, de 44,5%.

Apesar da vitória do partido, uma das caciques do PS, Ségolène Royal, ex-mulher de Hollande, acabou perdendo o seu mandato em La Rochelle para o dissidente socialista Olivier Falorni. Na semana passada, uma polêmica entre Royal e a atual companheira do presidente, Valérie Trierweiler, perturbou a campanha: Trierweler manifestou publicamente apoio ao rival de Royal, através do Twitter, em uma atitude que causou constrangimento no partido e ironias entre os conservadores, além de ter fortalecido a candidatura de Falorni. Abatida, Royal atribuiu a derrota à "traição política" do oponente e reconheceu que o tuíte da primeira-dama "não ajudou as coisas". "Eu continuarei a pesar nas decisões da política nacional", declarou.

Já a extrema direita comemorou o retorno à Assembléia Nacional, após 14 anos sem representantes no Parlamento. O Frente Nacional elegeu pelo menos dois deputados: a neta do líder Jean-Marie Le Pen, Marion Maréchal-Le Pen, de apenas 22 anos, e o advogado Gilbert Collard. Já a atual presidente do partido, Marine Le Pen, amargou uma derrota por apenas 114 votos de diferença ao oponente socialista, Philippe Kemel, em Hénin-Beaumont, no norte do país. Marine chegou a pedir a recontagem dos votos, mas depois reconheceu a derrota, por 49,89% dos votos contra 50,11%. "Ainda assim, foi uma vitória, porque fui uma candidata sozinha contra todos os outros partidos, que se uniram contra mim."

Quanto à direita conservadora, teria conquistado entre 213 e 221 cadeiras. O ex-ministro das Relações Exteriores de Nicolas Sarkozy, Alain Juppé, reconheceu "a derrota da UMP", o principal partido de direita. O presidente da sigla, Jean-François Cope, havia exortado os eleitores a não permitirem que "todos os poderes se concentrem nas mãos da esquerda", e após o anúncio da derrota, propôs que o partido realize uma convenção.

Por Lúcia Muzzel, no Portal Terra