Argentina e Uruguai: realidades diferentes frente à ditadura

O juiz federal da Argentina, Daniel Rafecas, afirmou que já foram identificadas dez mil vítimas da ditadura militar no país, durante a Operação Condor, na década de 1960. Ele afirmou que essas vítimas foram identificadas com a abertura de mil processos contra pessoas que atuaram na operação. Já o jornalista uruguaio Samuel Blinxen afirmou que houve retrocesso no Uruguai com relação à investigação da Operação Condor.

Eles participaram, junto com o deputado da Argentina Remo Carlotto, do seminário internacional Operação Condor, no período da tarde desta quarta-feira (4), na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF). O evento, promovido pela Comissão Parlamentar da Verdade, ligada à Comissão de Direitos Humanos da Câmara, debate a aliança político-militar, entre os regimes ditatoriais de cinco países da América do Sul: Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai.

O deputado da Argentina Remo Gerardo Carlotto afirmou que os julgamentos dos crimes praticados durante a Operação Condor, nos anos 1960, devem ser considerados como uma política de Estado. “O Estado democrático deve prestar contar daquilo que foi feito pelo Estado terrorista anteriormente”, disse.

O deputado declarou ainda que a ditadura na Argentina contou com o apoio de grandes grupos econômicos. “Um dos grupos se colocou à disposição do regime para sequestrar 300 pessoas, uma delas continua desaparecida até hoje”, disse.

O juiz Rafecas diz que, na Argentina, “respondem a processos chefes dos centros clandestinos de detenção e chefe das forças armadas, por exemplo. Até agora 250 já foram condenados por crimes graves. Os números são provisórios porque esse processo está em desenvolvimento”, disse.

Terrorismo do Estado

Já no Uruguai, o jornalista uruguaio Samuel Blinxen disse que houve retrocesso com relação à investigação da Operação Condor. “O Estado uruguaio não quer saber quem cometeu os delitos. O Uruguai amparou a impunidade”, declarou.

Ele disse que a Operação Condor é a expressão máxima do terrorismo do Estado em cinco países – Brasil, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai – que se uniram para cometer crimes como prisões ilegais e assassinatos.

E reafirmou que a operação recebeu ajuda de grupos financeiros. “A operação promoveu o extermínio dos atores sociais que podiam alterar o livre jogo do mercado. Os militares não estavam sozinhos. Eles precisavam de dinheiro, transportes e comunicação”, afirmou.

Da Redação de Brasília
Com Agência Câmara