Vingança: após veto na ONU, EUA cancelam contrato com a Rússia

Proposta de deputado democrata, aprovada na Câmara dos Representantes por 407 votos contra 5, anula compra de helicópteros russos que seriam empregados no Afeganistão

Por Fillipe Mauro

Helicoptero russo

Momentos após Rússia e China vetarem pela terceira vez no Conselho de Segurança da ONU uma proposta de sanção sobre o regime sírio de Bashar al Assad, na quinta feira (dia 19 ), congressistas norte-americanos aprovaram quase que por unanimidade a proposta de revogação de um contrato bilionário com a empresa estatal de armamentos RosoboronExport. Em reação ao fato, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Grigory Karasin, classificou a proposta como “vingança”.

O argumento de parlamentares republicanos e democratas é o de que é “inaceitável” qualquer vínculo de instituições norte-americanas com a estatal russa de artigos bélicos, uma vez que ela estaria “armando o opressivo regime sírio”. A RosoboronExport possui atualmente dois contratos no valor de 1,1 bilhão de reais (546 milhões de dólares) com o Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

No último dia 26 de maio, o Departamento de Defesa acertou a compra de 33 helicópteros da linha Mi, peças de manutenção para esse modelo e planos de assistência técnica. O investimento de pouco mais de 763 milhões de reais (375 milhões de dólares) tinha como objetivo equipar as forças de segurança no Afeganistão. A conclusão da prestação de serviços estava prevista para março de 2016.

Um dia antes do veto dos russos no Conselho de Segurança da ONU, o Pentágono divulgou o acerto dos termos para a aquisição de outras dez aeronaves da RosoboronExport, elevando em 348 milhões de reais (171 milhões de dólares) a compra do Exército norte-americano.

A proposta foi apresentada por Jim Moran, deputado democrata do estado da Virginia, durante os debates para a aprovação do Orçamento do Departamento de Defesa para o ano fiscal de 2013. O placar final foi de 407 votos a favor e apenas 5 contra. Entre os deputados que votaram contra a proposta está o republicano Ron Paul, pré-candidato à Presidência dos Estados Unidos derrotado por Mitt Romney.

Em carta dirigida a Leon Panetta, secretário de Defesa dos Estados Unidos, um grupo de dez parlamentares acusou a Rússia de ser a maior fornecedora de armas para as forças do regime de Assad e afirmou que o país vendeu a Damasco um bilhão de dólares em armas.

Questionado sobre a decisão do Congresso norte-americano durante uma coletiva de imprensa, o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Grigory Karasin, afirmou que a medida não passa de um “desejo de vingança” e de uma tentativa de atribuir a Moscou “a responsabilidade pelo aumento da violência”. O diplomata também lamentou que congressistas norte-americanos “ainda estejam escravizados à ideia de Guerra Fria” e reiterou que seu país “não fornece armas para a Síria”.

Fonte: Opera Mundi