Lugo visita Lula em S. Paulo e elogia a Venezuela no Mercosul

“No Paraguai agora se fala muito em soberania, mas não dizemos que a constituição foi violentada pela destituição imediata do presidente”, contrapõe. “Para mim, isso está em primeiro lugar. Os tratados internacionais vêm depois.” A frase foi proferida pelo ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, durante visita ao Brasil.

Na sexta-feira (3) ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na sede do Instituto Lula, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. O encontro durou cerca de um hora, tempo em que Lula e Lugo falaram sobre a importância da solidariedade regional para reforçar a democracia na América Latina.

Lula elogiou as conquistas sociais e econômicas do Paraguai no governo Lugo e ofereceu seu apoio ao pleno restabelecimento da normalidade democrática no Paraguai. Lugo veio ao Brasil para realizar exames periódicos no Hospital Sírio-Libanês, onde recebeu tratamento contra um câncer linfático em 2010. O resultado dos exames mostraram que Lugo está saudável e não houve retorno do tumor.

Na quinta-feira (2), o ex-presidente paraguaio falou em coletiva a meios de comunicação brasileiros, por iniciativa do jornal Brasil de Fato e do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Na ocasião, defendeu o ingresso da Venezuela ao Mercosul.

“Quando dizem que os venezuelanos entraram pela janela, que se aproveitaram de uma conjuntura política, eu pergunto: o que ocorreu antes?”, questionou. “Pode ser que não se tenham levado em consideração todos os passos legais, mas três parlamentos e três presidentes haviam aceitado a adesão da Venezuela, menos o Paraguai. A lógica me diz que nosso congresso está equivocado.”

Fernando Lugo pontuou ainda que não se deve confundir Venezuela com seu atual presidente, Hugo Chávez. “Quem não gostaria de ter como sócio uma das maiores potências energéticas do mundo? Apenas os que pensam de maneira egoísta, sem visão de futuro”, respondeu, ressaltando que a entrada dos venezuelanos ao Mercosul deveria interessar sobretudo aos paraguaios, que historicamente se queixam da hegemonia de seus vizinhos brasileiros e argentinos. “Todos ganhamos com a entrada da Venezuela, assim como todos perdemos com o golpe parlamentar contra mim.”

O ex-presidente lembra que a interrupção de seu mandato desatou uma crise em toda a região, dividindo os países-membros não apenas do Mercosul, mas também da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Organização dos Estados Americanos (OEA). “No Paraguai agora se fala muito em soberania, mas não dizemos que a constituição foi violentada pela destituição imediata do presidente”, contrapõe. “Para mim, isso está em primeiro lugar. Os tratados internacionais vêm depois.”

Fonte: Rede Brasil Atual