Japão se isola dos vizinhos por equívoco estratégico

O ministro japonês da Segurança Pública, Jin Matsubara, visitou nesta quarta-feira (15), em Tóquio, o santuário de Yasukuni. O templo xintoísta homenageia criminosos de guerra, já condenados por cortes internacionais.

A visita ocorreu por ocasião do 67º aniversário da capitulação do Japão na Segunda Guerra Mundial, em 15 de agosto de 1945. Esta é a primeira vez, desde 2009, que um ministro japonês visita o santuário de Yasukuni. O ato deve provocar protestos de vários países asiáticos, além de exibir o equívoco e a miopia da estratégia japonesa.

Este ano marca o 40º aniversário da normalização das relações sino-japonesas. Mas o Japão parece que está sendo dominado por uma onda que pretende prejudicar a amizade estabelecida com a China. De fato, desde o começo da crise financeira, setores da extrema-direita japonesa têm ampliado a presença no cenário político do país. O Livro Branco de Defesa Nacional, nos últimos anos, tem se referido à China como uma ameaça militar.

Além disso, o Japão planeja junto com os Estados Unidos modificar a Orientação para Cooperação na área de Defesa, com o intuito de incluir a China entre as "novas ameaças nas regiões adjacentes", deixando ao lado a amizade com o país vizinho.

A crise financeira nos Estados Unidos e a crise da dívida soberana na Europa provocaram impactos diretos aos mercados emergentes. A queda nas economias mundiais trouxe "excelentes oportunidades" à ampliação do mercado japonês no exterior. Após a crise, com a valorização da sua moeda, as instituições financeiras e multinacionais japonesas começaram um processo de aquisição em diversas partes do mundo. As empresas japonesas passam a alegar que "assumirão a responsabilidade nacional". Com isso, o nacionalismo e a consciência de liderar a ordem asiática voltam a ascender no país.

Na estratégia geopolítica, conservadores japoneses consideram que o retorno do papel dos Estados Unidos à Ásia-Pacífico ajuda a restringir a ascensão da China. Após a crise financeira do Leste Asiático, o Japão recolocou o foco da sua estratégia na Ásia, na tentativa de competir com os Estados Unidos e a Europa. A China, no entanto, sustentou a estabilidade da sua moeda para apoiar a região a superar as dificuldades, ganhando a confiança de diversos países. Em 2010, a economia chinesa ultrapassou a do Japão, motivo pelo que este começou a divulgar a teoria sobre a ameaça chinesa e provocar uma série de disputas territoriais.

Quanto ao seu relacionamento com a China, políticos japoneses consideram que a transformação do modelo de crescimento chinês significa uma perda das vantagens econômicas. Por isso o Japão começou a criar obstáculos tecnológicos para o crescimento chinês, esquecendo que a China ainda possui enorme espaço para efetuar reformas e liberar sua demanda do mercado.

O conhecimento errado do Japão sobre a situação mundial e regional deve colocá-lo em um dilema, marcado por seu isolamento em relação a outros países asiáticos. A história demonstra que nem a força nem as invasões conseguiram conquistar o continente asiático. Ao contrário, foi a cooperação pacífica que ajudou ao Japão a ganhar a confiança dos países vizinhos. Uma estratégia pacífica voltada ao continente onde está localizado constitui a saída da nação japonesa.

Fonte: Rádio Internacional da China