"Vitória de Chávez é irreversível", diz parlamentar venezuelano

Às vésperas da eleição presidencial da Venezuela, o atual chefe de Estado Hugo Chávez já é considerado vitorioso por sua base de apoio e agora se dedica principalmente à captação de votos entre o eleitorado indeciso.

Responsável pela pesquisa de intenção de voto mais recente, o instituto Interlaces situa Chávez na marca dos 51%. Isso equivale a uma vantagem de 19 pontos percentuais com relação a seu principal opositor, o candidato da coligação MUD (Mesa da Unidade Democrática, na sigla em espanhol), Henrique Caprilles, que possui 32% das intenções de voto.

“Chegamos a um ponto em que a vitória de Chávez é irreversível”, disse ao Opera Mundi o parlamentar venezuelano Roy Daza, do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), durante uma visita a São Paulo. A seu ver, resta agora “tentar buscar os votos de indecisos para evitar que a direita cresça e recorra a métodos violentos”. Isso porque “já não é possível modificar uma tendência de crescimento de Chávez que existe desde fevereiro”.

Questionado se a direita ganhou espaço entre eleitores neste ano, Daza relembra a candidatura de Manuel Rosales em 2006 e alega que, naquele momento, setores mais conservadores da população “conseguiram impactar e unificar a oposição”. “Hoje, para ele, boa parte do problema está no candidato. Muitos outros partidos oposicionistas se sentiram relegados pela a campanha eleitoral do PJ (Primeira Justiça)”, o partido ao qual é filiado Caprilles e que lidera a MUD.

Economia

O sucesso eleitoral de Chávez seria resultado, em sua maior parte, da política econômica de seu governo, em especial, do intenso processo de elevação do salário mínimo venezuelano ao longo dos últimos cinco anos. A partir de maio de 2012, o piso salarial no país foi fixado em pouco mais de 414 dólares – 66 dólares superior ao brasileiro, que em janeiro atingiu a marca de 348 dólares.

Mais além, Daza ressalta a relevância do ingresso de seu país no Mercosul. A seu ver, essa é “uma das vitórias mais ressonantes da diplomacia venezuelana” ao longo dos últimos anos. “É algo que pleiteamos desde 1999, que se formaliza em 2006 e que se concretiza apenas agora”, explica, alegando que seu governo teve “a paciência necessária para cobrir esse processo”.

O parlamentar não nega que Caracas deve agora conduzir adaptações em seu projeto macroeconômico para melhor se integrar ao bloco. Como boa parte do capitalismo venezuelano se sustenta a partir do setor petrolífero, Daza argumenta que “é necessário incrementar a vertente produtiva do segmento de derivados de petróleo, que hoje tem condições de produzir 186 produtos de alta demanda no mundo”.

Outros problemas que também estão pendentes e que agora encontram o terreno apropriado para serem solucionados dizem respeito à produção local de alimentos e as proporções reduzidas do parque industrial nacional.

A eleição presidencial venezuelana será realizada no dia 7 de outubro em turno único. O ganhador governará o país pelos próximos seis anos.

Fonte: Opera Mundi