PF combate tráfico de drogas além da fronteira

A Polícia Federal tem uma nova tática para combater o tráfico de drogas nas fronteiras: destruir plantações de maconha e folha de coca do lado de lá da fronteira, em parceria com as polícias dos países vizinhos. Traficantes peruanos e paraguaios têm chegado cada vez mais próximo da fronteira nos últimos cinco anos.

Em 2008, o Brasil começou a fazer acordos de cooperação com os vizinhos para trocar informações de inteligência sobre traficantes internacionaisE, 2011, foi fechado o acordo com o Peru tratando especificamente da entrada dos brasileiros em território peruano para a destruição de plantações e laboratórios -o contrário não está previsto. Os acordos são acompanhados pelo Itamaraty.

Entre agentes, a tática é chamada de "nosso Plano Colômbia" -referência à ação dos EUA para combater o narcotráfico em solo colombiano. Nos últimos 15 dias, a PF realizou uma operação em Tabatinga (AM), batizada de Trapézio, em referência à fronteira com Peru e Colômbia.

Em solo peruano, a PF destruiu 100 hectares de plantação de folha de coca, que gerariam mais de 700 kg de droga. A planta leva ao menos dois anos para crescer de novo.

Com a ajuda de agentes peruanos, colombianos e da DEA (agência antidrogas dos EUA), os brasileiros explodiram ainda laboratórios do tráfico.

A PF também tem acordo para entrar no Paraguai. A ideia é repetir a tática na Colômbia e, principalmente, na Bolívia. Há informações que levam a crer que 54% da cocaína que entra no Brasil vêm da Bolívia e 38% do Peru.

"Erradicar as plantações é mais eficiente do que simplesmente apreender a carga. Esses pés estão próximos à fronteira com o Brasil, ou seja, vão abastecer o mercado brasileiro", disse o Diretor de Combate ao Crime Organizado da PF, delegado Oslain Santana.

O Brasil tem 16,8 mil km de fronteiras e só cerca de 1.400 policiais no controle. Só o limite com a Bolívia tem o tamanho da divisão entre EUA e México. Os americanos, porém, têm mais de 20.000 agentes lá.

"Não se combate crime organizado só com trabalho ostensivo. No caso do tráfico, é preciso identificar quem comete o crime", diz Santana.

Com Folha de S. Paulo