Festival de Veneza começa com tímida presença do Brasil

 A 69ª edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza começa nesta quarta-feira (29) e segue até 8 de setembro. Dezoito filmes disputarão o cobiçado Leão de Ouro. O Brasil tem uma tímida participação, apenas com um curta-metragem na mostra.

o fundamentalista relutante

O prêmio será outorgado por um júri presidido pelo cineasta estadunidense Michael Mann e do qual faz parte, entre outros, o diretor de cinema argentino Pablo Trapero.

Durante a abertura do festival mais antigo da Europa será exibido "The reluctant fundamentalist" (O fundamentalista reticente), um thriller político internacional, da realizadora indiana Mira Nair, vencedora do Leão de Ouro de 2001. O filme, ambientado durante o fatídico 11 de setembro de 2001 em Nova York, fala sobre a vida de um jovem paquistanês que persegue o sucesso empresarial em Wall Street.

A principal homenagem de 2012 será ao veterano Francesco Rosi, um dos expoentes do grande cinema político italiano. Rosi receberá um Leão de Ouro pela carreira e verá exibido na principal vitrine do festival, a Sala Grande, seu clássico O Caso Mattei, em cópia restaurada.

Rosi é autor de alguns dos principais filmes italianos dos engajados anos 60 e 70, como Bandido Giuliano (1962), que exerceu grande influência sobre o Cinema Novo e, em especial, sobre Glauber Rocha. É diretor também de As Mãos sobre a Cidade (1963), Lucky Luciano (1973), Cadáveres Ilustres (1976) e A Trégua (1997), este baseado no livro autobiográfico de Primo Levi. Saído do neorrealismo, o cinema desse autor, nascido em Nápoles em 1922, se detém sobre a relação do homem com seu meio social. É político até a medula e não sabe pensar-se fora desse âmbito.

O Caso Mattei, com Gian Maria Volonté no papel principal, fala do esforço da empresa estatal italiana do petróleo, a ENI, para se firmar em meio aos interesses das muito mais poderosas sete “irmãs” do ramo petrolífero. Seu presidente, o nacionalista Enrico Mattei (1905-1962), lutou contra o oligopólio petrolífero, inclusive com o apoio dfa União Soviética. Morreu num acidente aéreo envolto em suspeita de atentado.

Veneza 2012 mudou de direção, mas para o Brasil nada mudou. Agora dirigido por Alberto Barbera, em substituição a Marco Müller, a seleção oficial do festival não apresenta qualquer longa-metragem do país em suas diferentes sessões – o único representante nacional é o curta "O Afinador". O espaço do Brasil em Veneza desidratou-se mesmo em relação ao ano passado, que já não tinha qualquer representante na Mostra principal, mas apresentava pelo menos dois longas – Girimunho e História que Só Existem Quando Lembradas – em outras sessões.

Com um novo visual, graças à criação de uma praça comum, a edição de 2012 terá durante 10 dias um desfile de estrelas e filmes de cineastas aclamados, como Robert Redford, Brian de Palma, Terrence Malick, Takeshi Kitano e Marco Bellocchio.

O espaço ao ar livre, com terraços e poltronas, que cobre parte do buraco aberto há dois anos para a construção frustrada do novo Palácio do Cinema, melhora a imagem do festival, que tenta renovar suas antigas infraestruturas.

Na quinta-feira terá início a competição oficial, com os filmes "Izmena" (Traição), do russo Kirill Serebrennikov, e "Superstar", do francês Xavier Giannoli. No total, 18 filmes foram selecionados para disputar o cobiçado Leão de Ouro.

Com agências.