Chile: Estudantes são presos em protesto por educação

A polícia militar chilena prendeu 200 pessoas que participavam do protesto estudantil por mudanças na educação em Santiago, informou o comandante da Zona Metropolitana na última quarta-feira (29). Luis Valdés também afirmou que 13 policiais ficaram feridos em decorrência de confrontos com manifestantes.

Pelo menos 150 mil pessoas tomaram as ruas da capital chilena na terça-feira (28) para protestar contra o modelo de gestão da educação pública do governo de Sebastián Piñera. A passeata encerra um agitado mês de agosto no qual alunos de ensino médio ocuparam diversos liceus da capital para exigir que o Estado não mantenha nas mãos das prefeituras a administração das escolas.


Leia também:

Marcha por educação de qualidade reúne 150 mil no Chile

“Até o término da manifestação, ao redor das 14 horas, tudo se desenvolveu de forma normal e tranquila”, reportou Valdés que destacou a constante comunicação dos carabineiros (a polícia militar chilena) com os organizadores do protesto. “Lamentavelmente, como já tem sido habitual, depois das 14 horas, começaram com os distúrbios, as desordens, as barricadas, as agressões aos carabineiros e danos à propriedade privada e pública”, acrescentou o general.

Os estudantes, que tomaram as ruas do país desde o ano passado em busca de reformas no sistema educacional, denunciam série de abusos dos policiais ao reprimir manifestações pacíficas e a impunidade com a qual estes casos são tratados pelas autoridades chilenas.

Em protesto há pouco mais de um ano, no dia 25 de agosto de 2011, um carabineiro assassinou o jovem Manuel Gutiérrez, de apenas 16 anos, que foi assistir ao enfrentamento entre manifestantes e policiais. Miguel Millacura, o policial responsável pelos disparos, não foi preso e não enfrentará acusações por homicídio.

No mesmo dia, um policial militar jogou uma bomba de gás lacrimogêneo dentro da sede sindical dos carteiros, onde diversas pessoas, incluindo idosos, realizavam uma reunião. O carabineiro saiu correndo e partiu dentro de um veículo blindado da força.

O relatório do NDH (Instituto Nacional de Direitos Humanos), divulgado em outubro do ano passado, contém denúncias, reforçadas por fotos e vídeos, de utilização de métodos abusivos contra manifestações pacíficas, tortura a estudantes e tentativa de violação de garotas dentro de furgões policiais, além de agressões e detenções indiscriminadas. Também denunciam o uso de armas de fogo contra manifestantes.

Recentemente, no início deste mês, estudantes sustentam que policiais foram responsáveis por queimar três ônibus a fim de boicotar protesto convocado para o mesmo dia, culpando manifestantes pelo ocorrido. Os movimentos estudantis possuem fotografias que registram um furgão policial (patente 1163) que rondava as imediações levando quatro pneus e um cilindro de oxigênio.

Fonte: Opera Mundi