Marcha das Vadias denuncia discriminação da mídia e rede social 

A Marcha das Vadias do Distrito Federal divulgou nota pública para repudiar “veementemente a maneira como estão sendo tratadas as duas meninas que sofreram abuso sexual por todos os integrantes da Banda New Hit” e denunciam a discriminação feita pela mídia e as redes sociais, ao atacarem as duas meninas, menores de idade, que sofreram estupro coletivo pelos músicos ao entrarem no ônibus da banda para pedir autógrafo ao grupo.

“É vergonhosa a organização de uma manifestação para apoiar os músicos criminosos, enquanto as vítimas e seus familiares permanecem encarcerados em casa por medo de retaliações e consumação das ameaças que recebem por telefone”, diz a nota, criticando o papel da mídia e das redes sociais.

Leia também: SPM oferece apoio para investigar caso de estupro na Bahia

“O papel da mídia e das redes sociais é comunicar”, admite a Marcha das Vadias, mas destaca que “o que ocorre é uma reprodução, em larga escala, de padrões de hierarquização que reificam e essencializam mulheres, por reafirmarem que estas são passivas, vagabundas, “putas” e que, por tudo isso, são também estupráveis”.

Na nota, o movimento de mulheres diz ainda que “se o papel das mídias é também construir narrativas culturais, pessoas e instituições que estão despedaçando a imagem dessas meninas vítimas de estupro – por banalizarem este crime – apenas reafirmam que comportamentos machistas e agressivos são aceitos socialmente. O padrão de masculinidade veiculado por mídias e pessoas machistas cria uma cultura de estupro em nossa sociedade”.

“O machismo fez com que as pessoas organizassem uma manifestação em defesa de homens que acreditam que o mundo foi feito somente para eles. Pois estamos aqui e não vamos mais nos silenciar diante de tanta violência! Esse mundo também é nosso, somos donas dos nossos corpos e desejos. Não vamos mais deixar que somente o machismo se manifeste”, diz a nota.

Violência confirmada

O laudo da perícia, divulgado nesta segunda-feira (3), confirma que as duas adolescentes, que acusam os músicos da banda New Hit de estupro, foram violentadas. O delegado do município de Ruy Barbosa (BA), Marcelo Calvacanti, disse que não vai detalhar o parecer do exame de corpo delito já que as vítimas são menores.

Nesta segunda-feira, a juíza Márcia Simões Costa, da Vara Crime de Ruy Barbosa, negou o pedido de liberdade solicitado pelo advogado de defesa dos músicos Kléber Andrade e Dênis Leal. Na última sexta (31), a justiça determinou a prisão preventiva dos integrantes da banda. Até então, eles estavam presos em flagrante. Os nove músicos aguardam o andamento do caso presos no presídio de Feira de Santana. Eles foram transferidos na última sexta-feira, a pedido da Justiça.

As meninas acusam os integrantes da banda de violentá-las quando elas foram ao ônibus do grupo para pedir autógrafo. Segundo relato delas, os rapazes atraíram as jovens para o fundo do veículo, onde uma foi estuprada por dez músicos e a outra pelo vocalista do New Hit, Eduardo Martins Daltro, conhecido como Dudu. Dudu e outro músico confirmam ter mantido relações sexuais com as jovens, mas alegam que foi consensual.

De Brasília
Márcia Xavier