Paulo Henrique Amorim: Dilma põe FHC no devido lugar: na direita

Uma das fraudes ideológicas da elite que se faz expressar no PiG [Partido da Imprensa Golpista] foi tentar transformar o retumbante sucesso do Governo do Nunca Dantes na consequência de: 1) uma maré internacional, que Lula soube surfar; 2) da herança bendita que recebeu do Plano Real (na verdade, lançado no governo Itamar, pelos ministros Ricúpero e Ciro Gomes).

Por Paulo Henrique Amorim*, no blog Conversa Afiada

Como disse a presidenta Dilma, na enérgica resposta ao leviano artigo de FHC no Estadão e no Globo (et pour cause, diria ele …) deste domingo – clique aqui para ler sobre o “tartufismo ilimitado” –, a herança que ela recebeu de Lula foi bendita.

Não só do ponto de vista da solidez da economia, como o respeito internacional – Lula não tirava os sapatos – e, mais do que isso, a promoção dos mais pobres.

(Como se sabe, os tucanos mais desprovidos de simancol dizem que eles é que lançaram o Bolsa Família. “Lançaram” e quase o matam de irrelevância. Mas, quando lançaram, copiaram de prefeitos do PT.)

Outra fraude da elite que se expressa no PiG foi tentar separar a Dilma do Lula.

E simular uma aproximação da Dilma com o FHC.

Confundiram “bons modos” com “todo modo”.

Era a tentativa de “desideologizar” a Dilma, apagar a VAR-Palmares e a tortura da biografia dela, o jovem brizolismo, para torná-la uma tecnocrata que preza, apenas, a eficiência e a boa gestão.

Uma espécie de Luiz Carlos Mendonça de Barros.

Ou, a nova versão do João Paulo dos Reis Velloso.

A ideia era aproximar a Dilma dos “cheirosos”, imaculados, “os mais bem preparados”.

A rapaziada privata que transporta cavalo de avião.

Trazê-la para a “elite da elite” e circunscrever o Lula, solitário, na “galera corinthiana”.

Deram com os burros n’água.

Dilma já disse que tem lado.

O lado dos pobres.

O FHC, também.

O lado dos ricos.

Dilma deixou-o no espaço diminuto que, ao longo do tempo, curtido em ressentimento, FHC construiu para si próprio: o bairro elegante de São Paulo, que, sintomaticamente, se chama de “Higienópolis”.

Onde vive aquela classe média que a Marilena Chauí descreveu.

É ali que ele contempla a consagração de um nordestino, metalúrgico, sem dedo, que não fala inglês.

Um horror !

* Paulo Henrique Amorim é jornalista