Eliana Calmon deixa CNJ após dois anos de mandato
A corregedora-geral do Conselho Nacional de Justiça, a ministra baiana Eliana Calmon, deixou o cargo, nessa terça-feira (4/9), após dois anos de mandato. A passagem de Eliana pelo conselho foi marcada pelo combate à corrupção dentro dos tribunais e pela defesa de uma maior proteção da integridade física dos juízes.
Publicado 05/09/2012 17:49 | Editado 04/03/2020 16:17
“Minha vida nesses anos foi extremamente incômoda, mas eu me dispus a ser assim para ser inteira, para fazer o que estava ao meu alcance”, declarou, emocionada, durante a última sessão. Ela ainda tentou concluir alguns processos pendentes no último dia de trabalho, mas houve pedido de vista na maioria deles.
A ministra ficou conhecida nacionalmente depois de declarar que era preciso ter cuidado com os “bandidos de toga”, denunciando a corrupção a partir do que chamou de “corporativismo ideológico” nas corregedorias do Poder Judiciário. A declaração gerou o repúdio da maioria dos magistrados brasileiros, inclusive do presidente do STF (Superior Tribunal Federal), o ministro Cezar Peluso.
Apesar das críticas, Eliana tomou a decisão histórica de investigar as suspeitas de irregularidades no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o maior do país e que é conhecido pelo conservadorismo e pela aversão a interferências externas. O caso causou polêmica e gerou resistência por parte da Corte. “Decidi calçar as botas do soldado alemão e fazer a inspeção”, lembrou a ex-corregedora.
Em coletiva realizada nesta quarta-feira (5), ela fez um balanço das suas ações à frente do CNJ. Segundo ela, foram abertos 11 processos disciplinares contra magistrados – oito chegaram a ser afastados – e a corregedoria recebeu 1.441 reclamações – um terço dos processos são reclamações de demora no Judiciário.
Na ocasião, ela falou do processo que investiga se houve negligência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) na proteção da juíza Patrícia Acioli, morta no ano passado, um dos que não conseguiu concluir, e pediu aos tribunais mais empenho na segurança dos juízes.
Ela deve voltar para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deve se aposentar nos próximos três anos. Com a saída dela, assume o CNJ o ministro Fabrício Falcão.
De Salvador,
Erikson Walla