João Ananias defende financiamento público de campanha

Nesta quarta-feira, 5, o Deputado Federal João Ananias (PCdoB-CE) defendeu, na Tribuna da Câmara, o financiamento público de campanha como meio de minorar o atrelamento e a promiscuidade entre poder econômico e mandatos. O mote para o pronunciamento foi a matéria publicada na Revista IstoÉ , de agosto último, com o título “Tesoureiros em Apuros”, que aborda as dificuldades nas arrecadações de recursos financeiros para campanhas eleitorais deste ano.

O parlamentar observou que até concorda com os argumentos expostos na matéria de que a CPI do Cachoeira e o Mensalão tenham contribuído para agravar a situação. No entanto, João Ananias ressaltou que não cabe na cabeça de ninguém que os valores para exemplificar, apresentados certamente pelas coordenações das referidas campanhas, representem a realidade. . “Se as doações não estão acontecendo oficialmente, são feitas por baixo dos panos, o que é muito pior, pois foge completamente do controle dos órgãos fiscalizadores e do conhecimento da sociedade”, indagou.

João Ananias ressaltou que os contrários ao financiamento, por não concordarem que se destinem recursos públicos para tal fim, precisam entender que sairia muito mais barato que a soma dos favorecimentos e corrupção gerados pelo modelo atual. “Claro que as elites, donas do poder econômico em nosso Brasil, não querem ouvir falar em financiamento público de campanha, pois as colocariam em iguais condições com candidaturas populares. Isto poderia equilibrar a tão desigual correlação de forças entre mandatos comprados, dos conquistados pelo voto livre e espontâneo do nosso povo”, observou.

Discurso na íntegra

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados:

Foi publicada matéria interessante pela Revista "IstoÉ", N°2233, de 29 de Agosto de 2012, intitulada "Tesoureiros em Apuros". Trata das dificuldades nas arrecadações de recursos financeiros para campanhas eleitorais deste ano. Atribuiu o fato “a má reputação dos arrecadadores de dinheiro, contaminada por suspeitas de negócios escusos". No decorrer da matéria é colocado que a CPI do Cachoeira e o julgamento do mensalão contribuem para que a fama dos tesoureiros se agrave ainda mais. Por conta disso, as empresas estariam hesitando em fazer doações.

Concordo com o argumento apresentado pela IstoÉ. Porém, não cabe na cabeça de ninguém, minimamente racional, que os valores apresentados para exemplificar, certamente pelas coordenações das referidas campanhas, representem a realidade. Como e com dinheiro de quem estão tocando de vento em polpa essas mesmas campanhas citadas? Elas de fato estão acontecendo em todo o Brasil. Se as doações não estão acontecendo oficialmente, são feitas "por baixo dos panos", o que é muito pior, pois foge completamente do controle dos órgãos fiscalizadores e do conhecimento da sociedade. Representa assim a antítese da transparência proposta na legislação eleitoral, que não consegue alcançar os financiamentos eleitorais sub-reptícios tão habituais.

Como forma de coibir essa hipocrisia, defendo com veemência o financiamento público de campanha, que poderia minorar o atrelamento e a promiscuidade entre poder econômico e mandatos. Os argumentos contrários, por não concordarem que se destinem recursos públicos para tal fim, precisam entender que sairia muito mais barato, que a soma dos favorecimentos e corrupção gerados pelo modelo atual. Claro que as elites, donas do poder econômico em nosso Brasil, não querem ouvir falar em financiamento público de campanha, pois as colocariam em iguais condições com candidaturas populares. Isto poderia equilibrar a tão desigual correlação de forças entre mandatos comprados, dos conquistados pelo voto livre e espontâneo do nosso povo.

Concluo minha fala destacando o momento propício em que a IstoÉ publicou essa matéria, no epicentro das campanhas eleitorais em curso, para que a sociedade brasileira, diante dos números informados, compare com os fatos e tire suas conclusões.

Fonte: Assessoria do Deputado Federal João Ananias (PCdoB-CE)