Por uma universidade mais democrática, UFPI luta por paridade

A luta por paridade nas eleições para reitor de diversas universidades é uma das principais bandeiras encabeçadas pelos CAs e DCEs.

Raíza Lima - divulgação
A luta por uma universidade mais justa e democrática passa por estabelecer um modelo de gestão que garanta a participação de toda a comunidade universitária. Por essa razão, a luta por paridade nas eleições para reitor de diversas universidades é uma das principais bandeiras encabeçadas pelos CAs e DCEs.

Na Universidade Federal do Piauí (UFPI), estudantes, professores e funcionários técnico- administrativos vêm se mobilizando na reivindicação de mudança no sistema de voto e eleição da reitoria da universidade. No próximo dia 19 de setembro a comunidade acadêmica realizará uma grande reunião para definir os moldes de uma consulta pública a ser feita com objetivo de definir os rumos dessa importante questão.

“Defendemos a paridade com um sentimento de participação e democracia dentro da universidade. Nós somos o maior público da UFPI, precisamos ter um peso de escolha, queremos que nosso voto sirva pra decidir os rumos daqui”, explicou a estudante Raiza Lima, integrante do DCE da universidade e representante dos estudantes dentro do conselho universitário.

Para Raiza, a atual gestão da universidade é autoritária e a universidade possui inúmeros problemas. “Nosso voto é essencial para essa transformado nessa instituição. Aqui, os estudantes que são repreendidos dentro no campus quando há mobilização. A reitoria impede qualquer mobilização. Muitos estudantes já foram agredidos pela segurança da universidade”, queixou-se.

Atualmente, as principais reivindicações de melhorias na universidade são a renovação do acervo bibliográfico e reestruturação do espaço físico da biblioteca, criação de duas novas moradias estudantis; concurso público para contratação de professores; e ampliação do Restaurante Universitário da unidade 2.

A UNE defende uma reforma universitária que garanta acesso democrático e qualidade no ensino e reafirmou sua posição em nota “Em defesa da educação e da universidade Brasileira”: “[…] Defendemos a ampliação imediata dos investimentos em assistência estudantil para 1,5 bilhão de reais, contratação de sete mil novos professores e servidores técnico-administrativos, um plano emergencial para conclusão das obras de infra-estrutura nas universidades e gestão democrática com paridade nas eleições para reitoria e órgãos de decisão. No bojo das discussões do novo Plano Nacional de Educação, reafirmamos que este é momento de ampliação de direitos, com a destinação de 10% do PIB e 50% dos royalties e do Fundo Social do Pré-Sal para a educação […]”, diz trecho do documento.
Suspensão das eleições e a greve

As eleições para reitoria da UFPI foram suspensas pela Seção Judiciária do Piauí quatro vezes esse ano. Na primeira decisão, em abril, o juiz federal José Gutemberg de Barros Filho determinou que o Conselho Universitário (CONSUN) regulamentasse uma consulta formal em que toda a comunidade universitária pudesse participar da escolha do novo reitor; na segunda decisão, em maio, o juiz federal Rafael Leite Paulo determinou a suspensão da eleição marcada para o dia 23 de maio e a designação de nova data, “com ampla divulgação, precedida da realização de debates públicos, conferindo-lhe a amplitude que se espera”.

No mês de agosto, novamente a Justiça Federal no Piauí suspendeu o procedimento de consulta prévia à comunidade universitária, marcado para o dia 05 de setembro, em função do esvaziamento dos campi da Universidade Federal do Piauí ocasionado pela greve, o que comprometia o desenvolvimento da campanha e o regular andamento do processo para a escolha de reitor e vice-reitor.

“Em um primeiro momento, o conselho universitário deliberou a consulta informal, não direta para escolha, pois quem iria escolher o novo reitor seria o próprio conselho universitário. Então os estudantes e professores da comunidade acadêmica se mobilizaram pedindo a consulta à comunidade e a justiça acatou. Ocorreu uma nova reunião onde foi discutida a questão da paridade. Foi uma briga muita intensa. Agora as entidades junto com a justiça federal estão unidas nessa luta”, explicou Raiza.

Os procedimentos relativos à escolha de reitor e vice-reitor da UFPI estão suspensos até que sejam definidos os parâmetros que regularão as eleições, que serão debatidos no dia 19 de setembro. Toda a comunidade universitária e cidadãos interessados poderão participar da consulta popular, que será integralmente gravada.

Fonte: www.une.org.br