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Urariano Mota: Mídia, uma assassina da formação do povo 

"As tecnologias só trarão resultados efetivos se forem associadas a um lastro cultural, ou seja, a sociedade precisa estar ciente de sua história conhecer profundamente sua cultura", afirmou o escritor Urariano Mota, durante participação no programa Ideais e Debates da Rádio Vermelho, ao refletir sobre a relação educação/cultura/mídia.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho, em São Paulo

Durante sua participação, ele rememorou a época em que o Rádio tocava Noel Rosa, Ismael Silva, João Gilberto. Segundo ele, isso foi uma primeira fase, uma fase rica. O segundo momento do rádio passou por um processo de deteriorização profunda, e cita como umas das causas a influência do modelo que vinha dos Estados Unidos.

Urariano, que também é jornalista, lembrou que "o Brasil tinha um modelo próprio de fazer rádio. Tínhamos radionovela, radioteatro, programas de humor fantásticos, como por exemplo PRK-30. E afirmou com convicção, o grande rádio formador de opinião, formador de cultura, praticamente não existe mais. E o Golpe de 64 contribuiu muito para essa perda de qualidade, seja através de perseguição aos grandes artistas daquela época, como exemplo Mario Lago, seja pela influência na queda dos níveis da educação”.

Para Urariano cabe aos intelectuais e à juventude recuperar esse processo. E destacou como experiências ricas a contribuição das rádios comunitárisas e da internet como meios para esta recuperação. Porém ele lembrou que as tecnologias só trarão resultados efetivos se forem associadas a um lastro cultural, ou seja, a sociedade precisa estar ciente de sua história conhecer profundamente sua cultura.

O jornalista falou também sobre a apatia no setor da educação, um cenário que é alimentado pela falta de valorização de seus profissionais. Além disso, falou que outro problematizador é o que nomeou de grande escola do mundo, a mídia.

“A mídia deforma, ela é assassina da formação do povo, da cultura. Isso só contribui para aumentar a apatia, o vazio. Essa apatia tem a ver com o papel do Estado de um lado, que não investe na formação dos professores, e por outro lado tem a ver com o grande mundo, representado pela grande mídia que faz a cabeça da população", externou o jornalista.

Ouça a íntegra na Rádio Vermelho: