Legistas de Alagoas em greve por melhores condições de trabalho

Os 30 médicos-legistas de Alagoas, que estavam em estado de greve desde julho deste ano, cruzaram para chamar a atenção para as condições precárias de trabalho. Mesmo com salários defesados, segundo o sindicato da categoria, os trabalhadores vinham realizando suas funções esperando que fosse sanado primeiramente a falta de estrutura física no local de trabalho. No entanto, há dois meses os corpos em estado de putrefação não são mais periciados e faltam equipamentos.

"A greve foi suspensa pr conta de um acordo firmado com o governo do estado, que se comprometeu a dar condições de trabalho e melhorar o salário, que está defasado. No entanto, o Estado mantém a mesma situação de improviso, então paramos todas as atividades. Tem médico que precisa usar faca de cozinha para abrir os corpos ou concha de feijão para outros procedimentos. Já chegamos a uma situação em que era preciso fazer o serviço à ceu aberto, junto com os urubus, por falta de sala e material apropriado", explicou a advogada do Sindicato dos Médicos do Estado de Alagoas, Maria Gorete Moura Galvão.

Ela não confirma o recebimento de comunicado oficial da Justiça, que determinou na sexta-feira (21), quando foi deflagrada a greve, a prisão do presidente da entidade sindical, Wellington Galvão.

"Imagine, eles não cumprem o que foi determinado pela justiça, em janeiro deste ano, e agora ainda querem prender a gente. Existe uma decisão da Justiça que determinou prazo para que as soluções fossem apresentadas em até 60 dias, a partir de 12 de janeiro deste ano e até agora nada", completou Gorete.

O Vermelho teve acesso a essa decisão e entrou em contato com a Perícia Oficial, órgão ligado à Secretaria de Defesa Social, do governo do Estado de Alagoas. Segundo o órgão, foi iniciada há uma semana uma reforma em um prédio anexo ao antigo prédio do Instituto Médico Legal (IML), dentro de um terreno onde ficava a Universidade Federal de Alagoas. Questionados sobre a demora para começar a reforma, tendo em vista que o problema se arrasta há pelo menos quatro anos, segundo decisão da Justiça de Alagoas, a Perícia afirmou que aguardava tramites legais como processo licitatório. O prazo para o término da reforma é de 45.

Desde o dia 1º de agosto os exames de necropsia realizads pelo Instituto Médico Legal Estácio de Lima em Maceió são feitos provisoriamente no prédio do Serviço de Verificação de Óbito (SVO), da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), no bairro do Prado. Antes disso, estavam sendo feitos na sede em Arapiraca, no interior do estado.

Salário

Para 24 horas semanais de trabalho, sendo 4 horas-extras, os legistas alagoanos recebem R$ 2.600. "Em Pernambuco, por exemplo, os profissionais recebem R$ 8 mil por 20 horas trabalhadas. Reivindicamos um aumento linear de pelo menos R$ 5 mil ao salário", disse a advogada.

O governo ofereceu uma bolsa qualificação no valor de R$ 2.700, mensal. Para tanto, o trabalhador é obrigado a se matricular em um curso de no mínimo 40 horas (totais). Também oferece um aumento linear de R$ 1.000 a partir de janeiro de 2013.

Nesta segunda, os trabalhadores devem se reunir para definir próximos passos. A categoria irá se reunir com os magistrados do Tribunal de Justiça na próxima terça-feira (25) para discutir a legalidade da greve.

Deborah Moreira
Da redação