Cachoeira: Deputado diz que Gurgel tirou peso das suas costas

Ao comemorar parecer da Procuradoria-Geral da República pelo arquivamento do inquérito a que responde no Supremo Tribunal Federal, deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ)diz ter tirado “peso das costas”. Ele afirma que não se arrepende da amizade com Cachoeira e já admite rever decisão de deixar a política.

Para o deputado a decisão da Procuradoria-Geral da República de recomendar o arquivamento do inquérito a que ele responde no Supremo Tribunal Federal (STF) teve o sabor de “ganhar na loteria” e de uma “nova reeleição”. Investigado por suas relações com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, Stepan diz estar se sentindo “aliviado” e “anistiado” com o parecer enviado na sexta-feira (21) passada pelo procurador-geral, Roberto Gurgel, ao ministro Ricardo Lewandoswki, relator do seu caso no Supremo.

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“Foi uma das melhores notícias de toda a minha vida. Estava esperando com muita ansiedade o desfecho, independentemente de qual fosse. Era angustiante ficar no limbo das coisas. Recebi com muita alegria, era como se estivesse sendo reeleito. Tirou um peso das minhas costas”, declarou o deputado ao Congresso em Foco. “Foi igual ganhar na loteria”, acrescentou o parlamentar, que também é ator de teatro, cinema e televisão.

O deputado é investigado por corrupção passiva em razão de suas ligações com Cachoeira, de quem recebeu R$ 175 mil. Segundo Stepan, R$ 160 mil se referiam a um empréstimo, já saldado, para a compra de um apartamento. O restante foi usado na compra de ingressos para o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, sustenta o parlamentar. Ele afirma que mantinha apenas uma amizade, há duas décadas, com o contraventor, preso na Operação Monte Carlo.

Por praxe, o Supremo costuma acolher o parecer da Procuradoria-Geral da República quando a recomendação é pelo arquivamento. Segundo a assessoria da PGR, Gurgel não viu indícios de crime na relação do parlamentar com Cachoeira. Em entrevista ao Congresso em Foco, Stepan diz não se arrepender da amizade e reafirma que não sabia dos negócios do contraventor.

Responsabilidade

“Fiquei triste, mas jamais negarei minha relação de amizade. A gente não pode se arrepender de amizades de jeito nenhum. Lamento a situação em que ele está, preso há esse tempo todo. Ele vai responder como todos devem responder a tudo. Todos têm sua responsabilidade”, disse. “Os empréstimos foram feitos nos trâmites normais. Tenho certeza de que não cometi crime algum. Pedi empréstimo a um amigo que tinha várias empresas. Mas não sabia nada dos negócios dele. Ele era muito reservado”, acrescentou.

Stepan, que chegou a dizer que deixaria a política assim que teve seu nome associado ao caso Cachoeira, já admite rever sua decisão. “Deus queira que eu possa continuar trabalhando. O tempo é que vai dizer. Gostaria imensamente de continuar. Tem muita coisa para rolar. Quero me dedicar aos dois anos de mandato que me restam para saber o que vai acontecer. Tomei uma ducha de água fria na paixão que sempre tive pela política. Preciso me recuperar disso”, afirmou.

Ele conta que tirou uma grande lição desse episódio: “Quando você está num cargo público, tem de ser como a mulher de César, tem que não só ser honesto como mostrar ser honesto. Porque isso pode ser usado contra você e ser mal interpretado. Tem de tomar cuidado, mas não significa que vou abrir mão do meu jeito de ser. Estava me sentindo até proibido de rir”.

Fonte: Viomundo