Franceses fazem gigantesca manifestação contra o arrocho

Mais de 50 mil franceses marcharam neste domingo (30) pelas ruas de Paris para rechaçar as políticas de austeridade impostas na Europa, que provocaram o aumento do desemprego e o corte dos gastos sociais.

A manifestação, convocada por cerca de 60 organizações políticas, sociais e sindicais, foi encabeçada pelo ex-candidato presidencial e um dos líderes da Frente de Esquerda, Jean-Luc Mélenchon, e pelo secretário nacional do Partido Comunista Francês, Pierre Laurent.

"Neste dia o povo entra em movimento contra a política de austeridade", declarou Mélenchon.
"É um ponto de partida que começa hoje e vai continuar nas próximas semanas", disse Pierre Laurent. Ele acrescenta que o movimento "encoraja a esquerda para lutar contra as finanças".

Durante a caminhada, que se estendeu por vários quilômetros desde a Praça da Nação à Praça da Itália, os manifestantes gritaram palavras de ordem contra o tratado orçamentário europeu que será debatido a partir da próxima semana no Parlamento francês.

"O que nós queremos é que se realize um referendo sobre esse pacto. Devemos ser consultados sobre algo que afetará a todos", declarou à Prensa Latina uma jovem manifestante.

O chamado Tratado sobre a Estabilidade, Coordenação e Governança impõe severas restrições orçamentárias aos países membros do bloco para manter sob controle a dívida pública e o déficit fiscal, sob pena de sofrer rigorosas sanções.

A manifestação deste domingo foi a primeira grande marcha realizada na França depois da eleição do presidente François Hollande em maio passado e da vitória do Partido Socialista nas eleições legislativas de junho.

"Se nós estamos contra a austeridade e o governo está pela austeridade, então nós estamos contra o governo", declarou Philippe Poutou, do Novo Partido Anticapitalista.

O protesto teve lugar às vésperas do início na Assembleia Nacional francesa do debate sobre o tratado assinado em março por 25 dos 27 integrantes da União Europeia e que deve ser ratificado por cada país.

O grupo parlamentar da Esquerda Unida Europeia no Parlamento europeu vem de tornar público um parecer jurídico que prova que o Tratado orçamentário é contrário ao direito europeu nos planos formal e material.

O estudo afirma que não somente a forma que toma o tratado impede sua aplicação, mas sobretudo, em questões de fundo, as escolhas feitas em matéria de "governança", de "freio ao endividamento" e das sanções automáticas são contrários ao direito da União. O informe assinala que a Comissão Europeia "não é sificientemente submetida a um controle democrático no quadro da execução do tratado orçamentário".

Trata-se de um argumento novo em favor da não ratificação desse tratado, que se soma à rejeição à austeridade permanente e à transferência da soberania orçamentária para a Comissão Europeia cujos poderes são, decididamente, desmesurados.

Redação do Vermelho, com Prensa Latina, Humanité e site do PCF