Pecequilo: Nos EUA, uma eleição apertada e sujeita a sobressaltos

A exatos 28 dias das eleições presidenciais dos Estados Unidos, os candidatos Barack Obama e Mitt Romney estão empatados nas pesquisas. Cada um tem 45% das intenções de voto, segundo a sondagem Reuters/Ipsos divulgada nesta terça (9). No cenário de disputa acirrada, as denúncias de fraude já começam a aparecer. Para o eleitor, contudo, o tema mais sensível da campanha é a economia deteriorada, pois reduz o padrão de vida da população que ainda carrega consigo a ilusão do sonho americano.

Por Joana Rozowykwiat

De acordo com a professora de Relações Internacionais da Unifesp, Cristina Pecequilo, está em foco o velho embate sobre o papel do Estado. Cristina avalia que a campanha norte-americana de fato começou com o debate do último dia 3, no qual Obama não correspondeu às expectativas e abriu espaço para o adversário alcançá-lo nas pesquisas. No próximo embate, marcado para o dia 16, o presidente precisa melhorar seu desempenho, sob pena de não reverter o quadro.

Em entrevista ao Vermelho, a pesquisadora afirma que, para conquistar o eleitorado mais conservador, os republicanos investem em uma plataforma de política externa, que, segundo ela, é uma “peça da Guerra Fria”. Apesar de avaliar que o governo Obama, nessa área, não se diferenciou de seu antecessor, George W. Bush, Cristina analisa que a eleição de Romney poderia levar as posturas dos EUA ainda mais à direita.

Sobre o questionável sistema eleitoral norte-americano, ela destaca a baixa participação popular nos pleitos e as notícias de irregularidades. “Já começam a surgir denúncias de que alguns estados não estão registrando eleitores mais pobres, porque favorecem os democratas. É sempre uma eleição sujeita a sobressaltos, principalmente se a gente tiver uma disputa apertada como parece que vai ser.”

Cristina avalia ainda os conflitos da sociedade norte-americana, que passa por uma perda de valores, está “em choque”, já que a realidade de pobreza e desigualdade crescentes não encaixa mais no imaginário de prosperidade da nação. “É uma sociedade que está tendo que se repensar, mas parece que não está encontrando os caminhos”, afirma. Leia abaixo a entrevista completa.

Portal Vermelho: Após o primeiro debate entre os candidatos, na semana passada, a distância entre Obama e Romney diminuiu. Que peso têm esses confrontos nos EUA? Os debates podem ser decisivos?
Cristina Pecequilo: O debate se revelou muito importante para o Romney, porque ele é um candidato que era razoavelmente desconhecido e havia dado algumas declarações muito ruins, que pegaram muito mal entre a classe média e os mais pobres. O debate foi a oportunidade dele se colocar novamente como um candidato viável. E o contraponto é que Obama foi muito mal, a vantagem que ele tinha acabou perdendo. Então o debate foi muito importante para os republicanos.

Obama deve reverter isso nos próximos embates?
Eu acho que dá para reverter, mas ele precisará se preparar melhor. Me parece que houve uma certa subestimação do adversário e não houve um preparo muito adequado para esse primeiro debate. Obama foi extremamente mal, não conseguiu responder, perdeu um pouco da ginga dele, do carisma. Isso foi algo bem preocupante para os democratas. Ele pode reverter, mas precisa ter uma performance bem melhor.

Como você tem avaliado a campanha até então?
Eu acho que a campanha começou mesmo na semana passada, com esse primeiro debate. É uma campanha que ainda vai ser muito marcada pelo confronto entre republicanos e democratas, principalmente na questão da política doméstica. [Vai ser] muito marcada por essa crítica republicana à incapacidade de Obama de gerar empregos e criar um cenário mais estável economicamente, pelo aumento do déficit público e pelas acusações dos republicanos na política externa. E, por outro lado, os democratas vão tentar defender a continuidade. A partir de agora começa uma campanha mais pesada e mais direcionada àqueles estados em que ainda existe uma grande quantidade de indecisos.

Na semana passada, os Estados Unidos divulgaram uma queda no nível do desemprego. Esse é um fator que pode ajudar Obama?
Pode ajudar, se houver uma redução mais significativa, porque até então ela foi muito pequena. E o que os republicamos estão explorando muito é essa sensação do norte-americano de que talvez a vida dele não tenha melhorado ao longo do governo Obama. O que os democratas dizem é que melhorou sim, mas acontece que a situação antes estava péssima por causa dos republicanos. Só que a performance ruim de Obama no debate não deixou que ele passasse essa ideia de uma forma clara para o público. Enquanto isso, os republicanos vão explorando a questão. [O desemprego] é algo que entra como ônus, porque é uma das promessas que Obama fez na campanha de 2008 e que não está conseguindo cumprir.

Nessa linha das promessas não cumpridas entram também as políticas para imigrantes. O eleitor latino, que foi decisivo na primeira vitória de Obama, está desencantado. Ele dará outra chance a Obama? Pode migrar para Romney?
Eu acho que não migrarão para os republicanos, a não ser aquele eleitorado mais conservador da Flórida, que é anti-Fidel Castro, um eleitorado que gosta dessa política externa agressiva que Romney está propondo. Mas, em relação ao restante do eleitorado hispânico, esse voto dificilmente se transfere para os republicanos, porque não há uma política [republicana] para esse grupo. A questão central é se os democratas vão conseguir fazer essas pessoas irem votar no dia da eleição. Esse é o mesmo dilema que se aplica ao eleitorado jovem, que também votou maciçamente em Obama. A questão não é nem transferir ou não voto ao adversário, mas fazer essas pessoas irem para a urna.

De fato não houve política para imigrantes, porque o que foi feito esse ano – Obama fez uma espécie de anistia para imigrantes jovens – foi claramente uma jogada eleitoral, porque você não tem uma discussão clara de que seria uma política de imigração nova para os Estados Unidos. Isso, somado à crise, tem gerado muito desencanto entre o eleitorado hispânico.

Então o tema chave dessa eleição é mesmo a economia?
É a economia e que tipo de governo, que tipo de Estado os EUA têm que ter. Os republicanos defendem o Estado neoliberal mínimo, sem programas sociais, com corte de gastos; e os democratas defendem a continuidade, o sistema universal de saúde, a assistência social. Então é [a disputa] entre um Estado de tipo social-democrata e um Estado neoliberal.

A gente tem visto, pelo mundo, as pessoas protestando contra a injustiça social, contra os pacotes de arrocho. Mesmo nos EUA houve o movimento Occupy Wall Street, que questionava a desigualdade. E aí vem Romney, com o discurso de reduzir imposto para os ricos, falando com certo desprezo dos 47% da população que, segundo ele, “dependem do governo”. E ele assume uma posição competitiva na disputa. Não é meio na contramão isso?
Não é contradição porque nos EUA você tem uma corrente muito forte contra o Estado, e claramente ligada aos republicanos, baseada naquela visão do sonho americano, de que o sucesso tem que ser conquistado. Então você não pode ter assistência do Estado, tem que correr atrás do seu progresso individual. Isso é muito enraizado na vida das pessoas. E, a partir daí, tem esse candidato que representa isso. Ele fez questão de deixar claro que é um homem rico, mas é rico porque se fez sozinho, e que o projeto democrata impediria as pessoas de crescerem. Isso é algo muito presente no imaginário norte-americano. Há uma polarização grande nos Estados Unidos. Metade da população professa essa crença no individualismo, em progredir, é uma coisa deles.

Mas isso é um mito, né? Muitos economistas têm falado sobre o tamanho da desigualdade social nos Estado Unidos, por exemplo. Joseph Stiglitz é um deles.
Sim. Essa é uma dúvida que a gente tem cada vez mais expressado. Porque hoje os Estados Unidos são um país com uma linha de pobreza crescente, muito cheio de desigualdade social, assimetrias, concentração de renda. E os republicanos tentam passar que isso é uma invenção democrata. E tentam dizer que as pessoas estão pobres porque os democratas são assistencialistas e gastam muito.

Por outro lado, os democratas dizem que o problema é exatamente que existe um Estado que não dá conta do cidadão e que são eles que vão construir o sonho americano. É então algo no imaginário norte-americano que não está resolvido.

E o que eu acho é que as pessoas ainda não se sentem pobres o suficiente para se ver nesses 47% que o Romney falou. Então enquanto eles não perceberem que são pobres – apesar de você ter uma sociedade com inúmeros problemas de saúde, de educação –, enquanto isso não estiver enraizado para o norte-americano, você ainda vai ter a possibilidade de um discurso como o do Romney fazer sucesso em determinados meios.

Romney também adota uma postura mais agressiva em relação à política externa. Isso ajuda ou atrapalha um candidato nos EUA?
Depende do grupo para o qual ele está falando. Se você pega a plataforma de política externa republicana, ela é uma peça da Guerra Fria. É contra (Raúl e Fidel) Castro, (Hugo) Chávez, Irã, está presente a ideia que você tem um mundo dividido entre bem e mal, não cita os Brics, os países emergentes – quer dizer, cita, mas num ponto de vista bem tradicional. Por que eles fazem essa agenda tão radical, agressiva, militarista? Porque você tem alguns estados-chave da eleição, como a Flórida, o Texas, que têm grupos conservadores que são anticastristas, anti-Chávez, pró-Israel, então você está falando para esse eleitorado.

Então a questão é que aí a gente não sabe qual é a política do Romney de verdade. Sabemos qual é o discurso, o apelo a esse eleitorado mais radical, mas não necessariamente ele vai conseguir praticar isso na Casa Branca. Então não há projeto de política externa, de certa forma, mas críticas a Obama por uma suposta fraqueza com relação a esses “inimigos”, mas sem uma visão abrangente que mostre qual é o caminho estratégico norte-americano.

Perguntei isso porque tinha impressão de que, quando o eleitor votou em Obama, estava votando também contra a Guerra do Afeganistão, a Guerra do Iraque, etc.
Na verdade, ele não estava votando contra as guerras, estava votando contra os gastos. E isso é uma tendência muito contraditória no eleitorado norte-americano. Se você pega pesquisas de opinião, a maioria dos eleitores norte-americanos vai dizer que é favorável a um papel internacional dos Estados Unidos, que seja de hegemonia. As pessoas vão dizer que apoiam o internacionalismo dos EUA. Só que quando você vai ver o que elas querem, elas querem emprego, saúde, educação, ter menos gastos, e não necessariamente uma agenda de política externa. Então eles não votaram contra a guerra naquela oportunidade, mas contra os gastos que levaram à crise econômica. Não houve uma visão estratégica. A eleição passada também foi basicamente sobre economia. E isso está se repetindo agora.

No mês passado, aconteceram os protestos islâmicos contra os Estados Unidos, que trouxeram à tona a política dos EUA para o Oriente Médio. Como isso entra no discurso eleitoral? Tem peso na campanha?
Vai ter peso para esse eleitorado mais específico conservador. Para aquele eleitorado mais pró-israel, mais pró-direita, esse tipo de movimentação favorece muito os republicanos. Romney tenta demonstrar, no caso da Síria e da morte do embaixador na Líbia, que os EUA estariam sendo fracos. Romney vai falar muito nisso para o eleitorado na Flórida, por exemplo, mas quando ele for falar ao eleitorado de Ohio, ele vai chamar o Obama de fraco na política externa, mas a preocupação dele vai ser o foco no emprego.

Que avaliação a senhora faz dessas manifestações?
Têm por trás uma insatisfação corrente com o estado de coisas no Oriente Médio e no mundo, de forma geral. Desde 2001, os EUA têm uma postura que, mesmo com Obama, ainda tem traços de unilateralismo, há dificuldades de apresentar projetos econômicos e políticos. Então existe uma grande insatisfação. E, no caso de Obama, ainda acrescentaria que há a frustração. Porque ele foi um candidato que prometeu reformas, recuperação da crise econômica e isso eu não posso traduzir em termos globais e acaba gerando essa insatisfação. E é um poder hegemônico, então é natural que exista, por ser poder hegemônico, uma oposição. E se você [essa oposição] se sente ameaçado, a tendência é que as coisas piorem. E não só ameaçado, mas desrespeitado.

Em relação a essa frustração com Obama, há sinais de que um segundo mandato dele pode ser diferente?
Há bastante frustração. Eu acho que não [seria diferente]. Eu acho que a tendência, pelas disputas internas dos Estados Unidos entre grupos conservadores, moderados e liberais, é a continuidade dessa política errática: ter discursos extremamente positivos da Presidência, da Casa Branca – caso Obama continue –, mas na hora de ter política efetiva, numa negociação comercial ou política, prevalece o interesse. Não vejo mudando muito isso, porque não há uma mudança estrutural nos EUA. O país está dividido, não há consenso bipartidário e então a tendência é a continuidade. A não ser que você tivesse um presidente – tipo o Roosevelt, o Lincoln – que chegue e implemente as reformas à revelia, que conduza o país como um líder. Mas hoje o estado de coisas dificulta muito isso.

Romney já deu declarações afirmando que os palestinos não querem a paz, sinalizou para Israel que apoiaria uma agressão ao Irã. O que significaria para o resto do mundo uma ascensão dele ao poder?
Eu acho que seria a continuidade, talvez um aumento de agressividade, de retórica, buscando um pouco mais de confrontação. E o apoio mais claro a Israel. A grande questão é assim: o que mudou efetivamente com Obama em relação ao que era o governo Bush? Praticamente nada. Você tem declarações pró-criação do Estado palestino, mas quando a Palestina pede para ser incluída na ONU, você não apoia. Então não tem muita modificação. Mas é que o Romney tem que jogar para uma plateia, que está insatisfeita com a Primavera Árabe, com o Irã, que quer uma postura mais conservadora. E aí você pode sair de um ponto mediano para um ponto mais à direita, como foi o governo Bush, e isso é ruim pros EUA, para Israel e para todo o Oriente Médio.

Há um contexto de deterioração da economia norte-americana, paralelo a um crescimento da China, que amplia aí a sua influência. Você crê que esse é um cenário consolidado? E é pauta na campanha?
A China tem sido apontada sim como um grande inimigo norte-americano pelos republicanos. O Romney se referiu várias vezes à China no debate, mas do ponto de vista econômico, dizendo que ele vai cortar programas governamentais para não dever mais para a China. E o norte-americano médio fica meio fascinado, porque ele consegue achar que a culpa dos problemas norte-americanos é da China e não estrutural do país dele. Então é algo com um apelo popular muito forte.

Agora não vejo o crescimento da China já como consolidado porque ele é muito atrelado ao crescimento norte-americano ainda. Apesar da China ter buscado outras alternativas de parceria econômica na América Latina, na África e na própria Ásia, a grande dependência dela é dos núcleos ocidentais – Estados Unidos, Europa Ocidental. Então se esses núcleos reduzem a compra de produtos chineses ou mudam sua relação com a China, isso tem uma consequência para o crescimento chinês. Isso é algo que pode tornar a China um pouco mais vulnerável do que ela gostaria. Por isso que ela financia a dívida norte-americana, porque se você não financia, eles não compram o seus produtos também. É muito raso desse jeito que eu estou falando, mas, basicamente, é um cenário de interdependência.

E como a América Latina está colocada no debate eleitoral nos EUA?
Não está. É um tema que é até melhor não abordar mesmo, eu acho até positivo para a gente. Mas, no caso de Obama, é a continuidade: o Brasil é tratado como emergente, o continente como fonte de parcerias, etc., etc. É aquele discurso conhecido. E, no caso de Romney, o que aparece de América Latina na plataforma republicana é aquilo que eu comentei. É anti-Castro, anti-Chávez, antiesquerda, e é uma coisa bem direcionada para o público conservador. Não tem um projeto atual, contemporâneo, que dê conta de questões latino-americanas atuais.

Os EUA se preparam para um pleito no momento em que acaba de acontecer aqui na região as eleições do Brasil e da Venezuela. Tem como traçar um paralelo entre os cenários lá e cá?
Eleitoralmente, acho que não dá para comparar, porque no Brasil o voto é obrigatório e, nos EUA, o eleitor nem é obrigado a tirar o título. E tradicionalmente poucas pessoas tiram o titulo de eleitor. Então normalmente o presidente norte-americano é eleito por um parcela bem pequena da população. É um quarto do um quarto do povo. É até assustador a gente pensar nisso. Você tem muito baixa participação. Nesse sentido, é complicado comparar.

Mas em termos de dinamismo social, de sociedade, tanto os EUA como a Venezuela de fato são hoje sociedades polarizadas, com grandes desafios sociais e econômicos. No caso do Brasil, tem essa polarização PT-PSDB, mas ela não é tão enraizada na sociedade e, nas eleições de agora, vemos que há muitas terceiras forças com bastantes votos. As pessoas estão um pouco cansadas dessa polarização.

E em relação à mobilização social? Nos EUA a gente não vê, como você mesma falou, uma participação popular, o povo nas ruas. Não é muito comum.
Não, não vê mesmo. Nesse sentido, você tem nos estados latino-americanos e europeus uma vitalidade política maior. A gente vê os protestos políticos na Espanha, Portugal, justamente contra uma agenda do tipo Romney. As pessoas estão indo às ruas. As agendas [conservadoras] estão sendo implementadas, mas com uma oposição ferrenha da sociedade. Aqui também, você tem uma mobilização política, que tem crescido até. Então são sociedades com uma vitalidade maior.

Lá eles participam, mas existe uma mistura de desencanto, uma certa perda de esperança e também o choque com a realidade. Há uma dificuldade econômica muito grande. Então um país que sempre foi muito rico, hoje vive uma realidade muito diferente. Isso choca um pouco as pessoas. Você tem pressões sociais muito fortes, em termos de direitos humanos, etc. Isso é complicado. É uma sociedade que está tendo que se repensar, mas parece que não está encontrando os caminhos.

Esse choque não deveria gerar indignação, levar à mobilização, como está ocorrendo na Europa?

Não, há uma apatia, as pessoas estão sofrendo uma perda de valores muito grande, por isso que estão apelando muito para a religião, o que favorece os republicamos. E existe uma tensão social muito grande, não só econômica, uma pressão de comportamento também, de relação entre as pessoas. Você tem uma sociedade muito propensa à violência, à questão das armas, então há válvulas de escape que estão como que se fechando e então o que sobra está ligado a essa apatia, a esse desencanto e à violência.

Você tocou numa questão importante, que é a legitimidade de um presidente eleito por uma parcela pequena da população e, mesmo assim, em eleições que sempre são contestadas. Alguma coisa mudou nesse sentido ou as denúncias de fraude continuam?
Não há mudança. Inclusive a CNN traçou alguns cenários em que seria possível empate no colégio eleitoral, o que levaria o presidente da Câmara a decidir. Então são algumas coisas meio estranhas, não é? É um país que, ao mesmo tempo em que precisa se repensar, tem estruturas de poder muito marcadas, em termos econômicos, políticos. E então é difícil mudar, porque se você muda significa mudar também aqueles que estão no poder. E isso acaba gerando uma continuidade.

Você tem um país onde não há um sistema de votação único, já começaram as acusações de que alguns estados não estão registrando eleitores mais pobres para votar, porque eles favorecem os democratas. Então a gente já tem uma série de acusações de que vai ter fraude de novo. É sempre uma eleição que é sujeita a sobressaltos, principalmente se a gente tiver uma disputa apertada como parece que vai ser.