Wellington Duarte: Os difíceis caminhos da economia do RN

Por Wellington Duarte*

Não é nenhuma novidade, a não ser para os eternos otimistas, que a economia do Rio Grande do Norte vem definhando ao longo dos anos. Num primeiro momento essa afirmação pode gerar revolta em alguns mais apressados já que, em termos gerais o crescimento da economia não tem indicadores negativos que levem à conclusão que cheguei. Além disso, as eternas “potencialidades” das nossas paragens sugerem que teremos um futuro radioso.

Mas um olhar mais atento notará que a economia do RN, frágil nas suas estruturas, não consegue dar um salto qualitativo quanto à geração de riqueza, posto que não um impulso real para que as verdadeiras geradoras de riqueza, a indústria de transformação, seja o carro-chefe da nossa economia.

Entre 2002 e 2009, segundo dados do IBGE e IDEMA, a economia potiguar cresceu, em termos de volume acumulado, 24,6%, o pior de todo o Nordeste, com uma forte concentração da geração de riqueza em cinco municípios (Natal, Mossoró, Parnamirin, São Gonçalo do Amarante e Guamaré), com 61,6% do PIB potiguar.

Falta de Logística e de um governo que encare essa tarefa como a central para o nosso desenvolvimento, nos aprisiona nas eternas promessas futuras: ZPE’s e o aeroporto de São Gonçalo do Amarante. A primeira vegeta e a segunda, que promete gerar 35 mil empregos, começa a adquirir contornos de uma grande panaceia, já que parece se apostar tudo numa expansão das atividades de todo um espaço econômico a partir de uma atividade geradora de serviço.

Nossa Balança Comercial revela o nosso perfil basicamente exportador de produtos primário e importador de bens de capital, ou seja, uma economia subdesenvolvida. O fechamento da Coteminas, em março deste ano, gerou breves lamentos no meio sindical e uma esfuziante declaração da governadora dos “ganhos” que Natal teria com a construção de um empreendimento imobiliário.

Essa fragilidade se revela no grau de mortandade das empresas, que chega a 74,1% nos três primeiros anos, percentual superado apenas pelo Piauí. Mas parece que tais números não assustam aqueles que veem isso como “natural” e resultado do próprio desenvolvimento da economia, que muda radicalmente o perfil das empresas. A “naturalização” de um processo que deveria ser visto como preocupante pode e tem engessado os agentes que deveriam se debruçar com mais atenção sobre nossa realidade.

*Professor do Departamento de Economia da UFRN, Mestre em Desenvolvimento Regional, Doutor em Ciência Política e Membro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)