Sem terra faz escracho contra mídia no julgamento de Bruno

Nesta terça-feira (20), o Comitê de Justiça para Felisburgo realiza um ‘escracho’ em frente ao Tribunal de Justiça de Contagem (MG) para denunciar o silêncio da mídia em relação ao Julgamento de Felisburgo, em que o fazendeiro Adriano Chafik Lued é acusado de matar cinco sem terra e ferir outros 17, ataque ocorrido em 20 de novembro de 2004. Ao contrário do caso dos sem terra, a mídia faz ampla divulgação do julgamento do ex-goleiro Bruno. 

Semterra faz escracho contra mídia no julgamento do goleiro Bruno

No escracho os movimentos sociais também denunciam que o mesmo advogado que defende o ex-goleiro Bruno, Ércio Quaresma, também é responsável pela defesa dos mandantes da chacina de Unaí, em que três auditores fiscais do trabalho e o motorista da equipe foram alvejados na cabeça com tiros de revólver em janeiro de 2004. Assim como o Massacre de Felisburgo, este é mais um dos casos de violência no campo que segue impune.

Hoje os cinco assassinatos em Felisburgo completam oito anos, mas a mídia segue silenciando sobre o caso, ao mesmo tempo em que faz uma ampla divulgação do julgamento do ex-goleiro Bruno. A violência no campo perdura e a reforma agrária, que seria a solução, continua paralisada, denunciam os manifestantes do Comitê de Justiça para Felisburgo. O Júri Popular de Chafick está marcado para o dia 17 de janeiro de 2013.

O município de Felisburgo, em Minas Gerais, fica localizada no Baixo Jequitinhonha e ficou conhecido mundialmente por essa chacina ocorrido no dia 20 de Novembro de 2004. O autor do crime e réu confesso, Adriano Chafick Luedy, comandando 18 pistoleiros, executou a sangue frio e a luz do dia, cinco trabalhadores rurais e baleou mais 13 pessoas (dentre elas crianças e idosos). Os criminosos continuam sem punição até hoje.

Silvio Netto, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Minas Gerais, ressaltou que o apoio maciço dos movimentos sociais, populares, sindicais e políticos no Estado deu novo ânimo à luta por justiça. “É com satisfação que vejo que lutadores e lutadoras do povo atenderam ao chamado para exigir justiça.”

Segundo ele, a campanha não vai se resumir ao julgamento de Adriano Chafik. “Queremos também denunciar a falta de reforma agrária em Minas e no Brasil. A luta precisa ser do conjunto da nossa sociedade. Temos que dialogar com a população sobre a necessidade da reforma agrária e sobre o modelo que não nos interessa, que é o agronegócio”, disse o coordenador do MST.

“O dia 20 de novembro se tornou o Dia Estadual de Luta pela Reforma Agrária. Dia de luta contra os oito anos de impunidade do Massacre de Felisburgo”, concluiu Silvio Netto.

Da Redação em Brasília