Senadores celebram 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga

Com gritos de “Viva Luiz! Luiz Gonzaga do Exu! Luiz Gonzaga do Iguatu, do Pernambuco, do Ceará, do Piauí, da Paraíba! Luiz Gonzaga do Nordeste! Luiz Gonzaga brasileiro, filho, humilde, do nosso povo!”, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) concluiu o seu discurso em homenagem ao centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, em sessão especial do Senado, nesta segunda-feira (3).

Senadores celebram 100 anos de nascimento de Luiz Gonzaga - Agência Senado

O senador lembrou a voz de Lua, como era conhecido, para cantar as belezas da região e denunciar as agruras do nordestino na convivência com a seca. “A voz forte de Gonzaga ainda ecoa, dirigindo-se para as autoridades, para denunciar o descaso, a burocracia que impedem a ajuda ao povo do Nordeste”, disse Inácio.

E lembrou que “o centenário ocorre diante de mais uma tragédia, fruto da ação da natureza para a qual o homem, com toda a ciência, ainda não achou uma solução”, lamentou.

Após apontar o filme Gonzaga, de pai para filho como um dos mais tocantes a que já assistiu, o senador pernambucano Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou que enquanto Luiz Gonzaga não fez seus poemas e músicas, o Nordeste não existia para o resto do país. Cristovam também destacou trechos de músicas do Rei do Baião, como A Morte do Vaqueiro e Xote Ecológico, para realçar o viés filosófico e a preocupação com o meio ambiente presente em suas composições.

“O mais marcante em sua obra é sua força social”, avaliou o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), para quem Luiz Gonzaga era "a bandeira do sertão nordestino em que tremula o Brasil inteiro".

Com discursos e músicas, a sessão especial reuniu parlamentares e artistas como os cantores Raimundo Fagner; Valdonys; Chambinho, também ator, que interpretou Luiz Gonzaga no filme; e João Cláudio Moreno, cantor, compositor e humorista. A Orquestra Sinfônica do Piauí também participou da sessão.

Voz forte

Citando a letra da música de Luiz Gonzaga – “Setembro passou/ Outubro e Novembro/ Já tamo em Dezembro/ Meu Deus, que é de nós (…) Assim fala o pobre/ Do seco Nordeste/ Com medo da peste/ Da fome feroz” – Inácio lembrou que “estamos num ano especialíssimo – em outras épocas, absolutamente trágico – para o Nordeste brasileiro: estamos em uma das maiores secas de todos os tempos.”

Entrelaçando episódios da vida de Luiz Gonzaga, da vida política e cultural brasileira e do drama do nordestino na convivência com a seca, Inácio falou que “a voz forte de Gonzaga ainda ecoa, dirigindo-se para as autoridades, buscando quebrar os entraves. Uma obra para atender o povo do nordeste não pode durar 10 anos. O Zé Dantas, ao lado de Humberto Teixeira e de tantos outros, buscou Luiz Gonzaga, com a sua voz forte, para denunciar o descaso, a enrolação, a burocracia, os mestres da burocracia, os mestres da auditagem, que seguram ou impedem que a velocidade possa ajudar o povo do Nordeste”.

Patrimônio cultural

A sessão especial de homenagem a Luiz Gonzaga foi presidida pelo senador João Vicente Claudino (PTB-PI), que recordou a morte do Rei do Baião no dia 2 de agosto de 1989, vítima de parada cardiorrespiratória, em Recife (PE).

“O Velho Lua, como também era chamado, repousa eternamente na pequena Exu, ao lado dos pais no Mausoléu do Gonzagão, que fica dentro do Parque Asa Branca, às margens da BR-122, um museu a céu aberto da vida e da obra do inesquecível Lua, um patrimônio cultural do nordeste brasileiro”, relembrou João Vicente.

De Brasília
Márcia Xavier
Com Agência Senado