Ministério da Agricultura investiga empresas de agrotóxicos

O Ministério da Agricultura decidiu abrir processo de investigação interna para apurar se houve favorecimento a alguma empresa na liberação de agrotóxicos. E também se há envolvimento de servidores e técnicos da pasta nesse processo. Esse ministério é um dos três setores do governo que autorizam aprovação desse tipo de produto. Anvisa e Ibama são os outros dois. Atas de reunião desse comitê, divulgadas neste sábado (8), revelaram a pressão do Ministério da Agricultura.

A declaração do coordenador-geral de Agrotóxicos do Ministério da Agricultura, Luis Eduardo Rangel, reconhecendo a existência de pressão, inclusive política, para se acelerar a avaliação e liberação de agrotóxicos, desagradou o gabinete do ministro Mendes Ribeiro. O ministério informou que irá fazer "revisão" do funcionamento do setor de agrotóxico e desautorizou qualquer funcionário a aprovar registro que não seja por questão técnica. "A atual gestão do Ministério da Agricultura não compactua e não aceita interferências políticas em qualquer esfera de atuação do Ministério, como insinua o técnico ouvido na matéria".

O ministério, que se relaciona com setores do agronegócio, pede prioridade para aprovação de agrotóxicos e atropela a ordem cronológica de chegada dos pedidos. A Anvisa resiste ao lobby e tenta barrar essas ações.

Os três setores do governo compõem o Comitê Técnico de Assessoramento (CTA), que analisa os pedidos. O registro é de uma reunião de novembro de 2011 e o propósito é aprovar ingredientes para combater a ferrugem da soja e a ferrugem da cana de açúcar.

"O CTA acusa o recebimento das demandas de prioridade efetuadas pelo Ministério da Agricultura em função da ferrugem de soja e da ferrugem de cana de açúcar. A Anvisa ressalta que não podem ser acatados pedidos de priorizar os processos de uma empresa em específico, como constam dos ofícios encaminhados pelo Mapa (Ministério da Agricultura)", diz a ata.

Fonte: O Globo