Em debate, CTB e o CES analisam crise econômica mundial

Foi iniciado nesta terça-feira (11), em São Paulo, o Seminário “O processo de integração Latino-Americano e os Trabalhadores”, organizado pela Secretaria de Relações Internacionais da CTB e pelo Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES), a partir de uma análise do atual cenário internacional, marcado pela maior crise econômica já vista desde a chamada Grande Depressão, de 1929.

O primeiro painel teve como tema “As potências emergentes, os blocos econômicos e o cenário de crise mundial”. Para tratar desse tema, foram convidados o secretário de Relações Internacionais do PCdoB, Ricardo Abreu (o Alemão), e o primeiro vice-presidente do PSB, Roberto Amaral.

Para o dirigente comunista, o seminário ocorre em um momento de grave crise internacional, que tem acelerado o processo de desenvolvimento desigual entre as nações. Para ele, esse cenário “exige uma nova ordem mundial”. Nesse sentido, Alemão crê que a América Latina deve lutar a partir de uma nova perspectiva, sem a hegemonia dos Estados Unidos. “O movimento sindical precisa saber o que está se passando e qual rumo tomar”, ponderou.

Alemão disse também que a atual crise não tem uma saída progressista palpável e que o atual quadro compromete a soberania das nações mais fracas. Além disso, ele aponta um retrocesso democrático e social das conquistas dos trabalhadores. “É uma época de regressão”, denunciou, para em seguida se posicionar sobre a integração latino-americana: “É um processo que não pode ser comparado à União Europeia e que deve assegurar soberania nacional, combater assimetrias e ser marcado pela cooperação, além de defender os interesses dos trabalhadores”, afirmou.

Contraponto

A palestra de Roberto Amaral foi marcada por um grande contraponto em relação ao título do seminário. O professor deixou claro, em mais de um momento, que não crê, em suas análises, na possibilidade de uma real integração latino-americana, mas sim em um processo que englobe apenas as nações da América do Sul.

“Não consigo vislumbrar essa possiblidade, pois os países do Caribe, por exemplo, estão diretamente ligados ao domínio dos Estados Unidos”, argumentou, logo após citar o fato de que a América do Sul e a África são os principais parceiros comerciais do Brasil na atualidade. “Se observarmos nossos vizinhos, temos grandes possibilidades políticas, geopolíticas e até mesmo mais familiaridade com sua língua, fatores que nos permitem ter um projeto específico para a América do Sul”.

Independentemente dessa posição, Amaral entende que os movimentos sociais em geral precisam discutir com mais intensidade esse tema. “O grande desafio é trazer a sociedade para esse debate. Os trabalhadores e os estudantes precisam participar dessa discussão, pois o governo fica isolado, enquanto somente a mídia de direita aborda esse tema”, defendeu.

Ao falar sobre a fase atual do capitalismo, a crítica do dirigente do PSB também foi direcionada à esquerda brasileira, de modo geral. “Qual a denúncia que estamos fazendo? Que alternativa estamos oferecendo para combatê-la?”, questionou. Ainda sobre o cenário atual, Amaral afirmou que não está entre os analistas que veem os Estados Unidos iniciarem um período de decadência, apesar da dimensão da crise financeira. “Não misturo a análise realista com meus sonhos”, disse.

Segundo dia

O seminário terá continuidade nesta quarta-feira (12), com mais dois painéis. Confira abaixo sua programação e palestrantes:

10h30: Conferência – O atual processo de integração da América Latina: os desafios para a América do Sul
Palestrante:
Samuel Pinheiro Guimarães, embaixador e ex-ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos.
Coordenação: Gilda Almeida

11h30 – Debate
12h30 – Almoço
14h – Painel: A integração sob a ótica dos trabalhadores

Palestrantes:
Juan Castillo, coordenador do Encontro Sindical Nossa América (ESNA).
Maria Silvia Portella de Castro, socióloga, especialista em movimento sindical latino-americano.
Coordenação: João Batista Lemos

15h30 – Intervalo (café)
15h45 – Debate com os participantes
18h – Encerramento do seminário

Fonte: Portal CTB