Usamos energia nuclear para fins pacíficos, diz embaixador do Irã

O embaixador do Irã no Brasil, Mohammad Ali Ghanezadeg, disse em entrevista a blogueiros independentes, na sede diplomática em Brasília, que os últimos acontecimentos refletem um novo despertar islâmico, cada vez mais independente da dominação ocidental, apesar das guerras de conquistas, perpetradas contra o Iraque, depois a Líbia, a Síria e a Palestina. Acompanhe a cobertura da TV Cidade Livre à sabatina realizada em 28 de novembro de 2012.

Ele acrescentou que o país explora a energia nuclear porque acha importante ter fontes energéticas alternativas e dominar a tecnologia. E questionou o porquê das nações mais poderosas sempre tentarem privar os outros países dessa ciência. “Defendemos a tecnologia nuclear para fins pacíficos para todo mundo e a bomba atômica para ninguém.”

O embaixador lembrou que seu país, mesmo debaixo de draconianas sanções econômicas, dinamizou sua tecnologia e reforçou o relacionamento com os vizinhos, a ponto de hoje tornar-se o 17º país do mundo. Nem por isso, como relatou, as sanções deixaram de afetar gravemente as populações vítimas dessas perseguições, citando o exemplo do Iraque, que, como disse, mataram muito mais crianças do que as invasões militares contra o regime do ex-presidente Saddam Hussein. Tal mudança se intensificou nos últimos meses com a rebeldia de países, que não se restringem ao Egito, mas a outros, como Bahrein, cujo movimento não é destacado pela mídia hegemônica, que considera dominada pelo sionismo.

Ele ainda citou o crescimento das exportações do Irã para países como a Turquia (US$ 25 bilhões), China (50), Índia (15 ), Rússia (7), Brasil (2,4) e a expansão de seu relacionamento com países da América Latina: “As sanções acabaram nos ensinando a procurar outros parceiros e a diminuir nossa dependência da Europa”.

O embaixador Ali Ghanezadeg manifestou satisfação com as negociações recém entabuladas com a Argentina para superar o contencioso provocado por ataques a mesquitas em Buenos Aires, atribuídas a iranianos, no que considera mais uma obra das perseguições do sionismmo contra seu país.

Grupo 5+1

O representante iraniano ainda se mostrou confiante nas negociações com o Grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU: Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha, mais a Alemanha), sobretudo da última reunião em Moscou, quando o Irã teve oportunidade de esclarecer melhor os reais objetivos de seu programa nuclear de caráter pacífico e voltado para a tecnologia, segundo afiançou.

Finalmente, o embaixador disse que o Irã está superando o corte das transmissões para a Europa de seus canais de TV, sobretudo da Press TV e da Spam TV (em inglês e espanhol) através de negociações com alguns países europeus e com o desenvolvimento de seus sites na internet e outras tecnologias paralelas próprias.

“Há 33 anos, desenvolvemos nossa própria tecnologia, depois das sanções, desde o início da Revolução, quando apreenderam nossas reservas monetárias e proibiram a remessa de peças de reposição para nossos aviões”, afirmou o embaixador.

Durante a entrevista,o embaixador Ali Ghanezadeg entregou o certificado de participação especial à 16ª Cúpula dos Países Não Alinhados ao jornalista Beto Almeida, da Telesur e da TV Cidade Livre de Brasília, realizada em 30 de agosto, em Teerã. Beto (foto de Heleno Iono ao lado) foi convidado oficial ao evento que marcou outra ofensiva internacional dos iranianos contra o isolamento que lhes tenta impor o Ocidente.

Países Não Alinhados

O Movimento dos Países Não Alinhados (MNA) reúne 125 países, em geral nações em desenvolvimento, com o objetivo de criar um caminho independente no campo das relações internacionais que permita aos membros não se envolver no confronto entre as grandes potências.

Boicotado por essas potências, o MNA não se reunia desde 2006, data de seu último encontro em Havana, que o liderava, e agora surge como uma nova trincheira dos países independentes em busca do mundo pluripolar, sob a batuta iraniana. A cúpula reuniu representantes de 87 países e contou com a participação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon.

Na entrevista o embaixador iraniano assinalou que países como o Canadá tentaram boicotar a cúpula, fazendo pressões junto à ONU, para evitar a presença do secretário Ban Ki-moon. Por sua vez, Israel acusou Ban Ki-Moon de boicotar os esforços da chamada comunidade internacional contra o programa nuclear do Irã.

Fonte: da Redação, com informações do Café na Política e Folha de S.Paulo

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