Inácio Arruda vê preconceito em denúncias contra Lula

Em um longo discurso no Plenário do Senado, que provocou debate entre os senadores, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) elogiou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticou a direita e setores da mídia que têm atacado o ex-presidente da República. Segundo Inácio, Lula “teve a qualidade especialíssima de colocar o nosso país de pé, elevar a autoestima do povo, voltar a fazer o país se desenvolver.”

Para Inácio Arruda, “não é o problema de denúncia, não é o problema de investigação, pois todos são iguais, mas é o tratamento que se dá no nosso país, que trabalhou muito com a senzala, anos e anos, e carrega um preconceito sem tamanho, porque um operário dar certo na Presidência da República é inaceitável”.

As críticas do senador se estenderam ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele lembrou que durante a arguição no Senado do ministro Teori Zavascki para ocupar vaga no Supremo, indagou “em que lugar do mundo a Corte Suprema do país tem condições de espetacularizar as suas decisões, através de um movimento midiático? E ele me disse: ‘Em nenhum canto do mundo. É sui generis. Só tem no Brasil. É uma particularidade’”.

Comportamento da mídia

Na avaliação do senador, para entender a situação da comunicação no país, basta avaliar o comportamento da mídia  ao longo dos anos. “Basta olhar como se controlam os veículos de comunicação de massa no país, inclusive com a interferência direta no Congresso Nacional. Olha quem são os donos dos veículos de comunicação, olha qual é o pensamento deles, olha como eles agiram durante anos e anos”, provoca o senador, denunciando o monopólio da mídia, que controla 70% das informações no país.

Inácio aproveitou para apresentar a ideia de promover um grande processo de democratização dos meios de comunicação de massa no nosso país. “Esse negócio de controle absoluto por três, quatro famílias não pode dar certo. Acho que podemos ampliar mais, abrir mais o espaço das relações de comunicação do povo brasileiro com o conjunto das opiniões, as mais diversas opiniões do nosso país.”

Elogios a Dilma

Em seu discurso, o senador também avaliou o governo da presidenta Dilma, a quem dirigiu elogios pelo enfrentamento de dois problemas cruciais para o desenvolvimento do país: a redução dos juros e do preço da energia elétrica. Segundo o senador, nos dois temas, ela tem enfrentado resistência muito grande dos grupos que têm os interesses contrariados.

No caso dos juros, ele destaca que a resistência não é apenas interna, é também externa. “Não é apenas o fundo de pensão de uma empresa estatal ou mesmo de uma empresa privada brasileira. São os grandes fundos de investimentos externos”, afirma o senador, lembrando que para esta batalha, em que “os adversários são poucos, mas são poderosos”, a presidenta Dilma precisa contar com “uma base de apoio ampla, capaz de sustentar uma postura como essa”.

A presidenta enfrenta outra batalha em relação ao desenvolvimento: a redução do preço de energia. Também essa medida está sofrendo resistência, não do capital produtivo, que quer essa mudança, explica Inácio, “mas do capital especulativo que ganha fácil e que nunca ninguém investigou”, critica.

“Este é o meu governo”

“Este é o meu governo. Eu sei de que lado eu estou. Eu sei o que está em curso. Eu sei o que é essa batalha”, afirmou o senador, dizendo que todos os partidos do campo popular são criticados, “porque o que interessa aqui é desmoralizar o campo popular” e desqualificar o projeto de desenvolvimento que está sendo implementado pelo governo do campo popular.

“É para isso que a presidenta está chamando, chamando para que gastemos menos com juros, para que enfrentemos o preço da energia, para que toquemos nessas questões centrais, porque elas que podem nos levar a ter um desenvolvimento mais largo da nossa história, com a distribuição da riqueza, mantendo esse campo democrático, popular, porque é esse campo que tem compromisso com a distribuição de riqueza, de forma mais ampla, de forma mais permanente”, concluiu o senador.

De Brasília
Márcia Xavier