Valdivino Neto: Movimento comunista na luta pele reforma agrária

Por *Valdivino Neto

A luta para transformação do Brasil em um país justo, igualitário e solidário tem avançou com a vitória do pólo progressista de 2002. O país melhorou, cresceu, distribui renda. Estamos resistindo à crise do sistema capitalista, mas por outro lado não estamos avançando nas transformações de pontos chaves como as reformas da mídia, eleitoral, agrária etc. Tratarei aqui sobre a reforma agrária, que não está na pauta dos projetos do governo.

É preciso um Novo Pacto Nacional pela Reforma Agrária no Brasil. Mesmo com todos os avanços, o Brasil continua um país capitalista o qual gera profundas contradições sociais. Nossas riquezas naturais e minerais são exploradas há mais de 500 anos por gananciosos colonizadores, donos de engenhos, grileiros, latifundiários, empresários nacionais e estrangeiros. No campo, a concentração fundiária provoca a expulsão do homem da terra, enquanto isso milhões de brasileiros ainda passam fome acampados às margens de rodovias, país adentro. A violência e o trabalho escravo, grilagem de terras ainda persistem e principalmente na região Norte do país, centenas de trabalhadores e líderes sindicais e políticos ainda são assassinados.

No Congresso Nacional temos uma bancada cada vez mais conservadora servindo ao capital que “esquece” os assuntos importantes, como as reformas de base que o país precisa. A luta por um projeto nacional transformador da classe trabalhadora se torna uma necessidade inevitável, através da organização das massas no campo e na cidade, com consciência de classe, visando a construção da nova sociedade.

Foi compreendendo essa necessidade transformadora que em 1993, no seio dos camponeses, os Comunistas do Brasil e simpatizantes lançam o MOVIMENTO DE LUTA PELA TERRA, com ocupações das fazendas Bela Vista e Santa Maria, áreas improdutivas localizadas no município de Ilhéus (BA). Uma organização de massas de caráter classista, que visa a conquista da terra, a construção de uma sociedade mais justa e acima de tudo, busca a transformação do camponês como sujeito da história. Hoje, após 19 anos de luta, a entidade torna-se uma frente de massa e consolida-se nacionalmente trazendo a bandeira da unidade na luta por um Novo Pacto Nacional pela Reforma Agrária no Brasil.

Principais bandeiras de luta do MLT

– Defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), e para que as populações do Campo e das Florestas tenham acesso a ele;
– Reformulação da Política de Crédito Rural no Brasil, que ela leve em conta as diferenças regionais (biomas);
– Fim da violência no Campo;
– Ampla reforma agrária no País;
– Limite do tamanho da propriedade de terras no país;
– Atualização dos índices de produtividades;
– Pelo controle de terras adquiridas por estrangeiros;
– Defesa de cooperativismos e Associativismos;
– Fortalecimento do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera);
– Política efetiva de habitação e saneamento rural;
– Política de esporte e lazer para o meio rural;
– Acesso à água de qualidade para os povos do campo e da floresta.

*Valdivino José de Lima Neto é coordenador do MLT no Ceará

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