Juros de bancos públicos cairão mais, prevê Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou nesta quinta-feira (27) que mantém em 4% sua previsão para o crescimento da economia brasileira, valor que está acima dos 3,3% de expansão estimados pelo mercado financeiro para o ano que vem. Disse também que os bancos públicos – Banco do Brasil e Caixa – continuarão a reduzir taxas de juros. A declaração foi feita em entrevista ao portal G1.

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"Em 2013, a economia vai começar muito melhor do que começou em 2011. Em 2011, os juros estavam altos. Tínhamos algum tributo que estamos tirando. Não tinha redução de energia elétrica e o câmbio estava desfavorável", declarou ele.

Para o ministro, 2013 começará com "condições muito melhores". "Vamos ter redução de energia elétrica, vamos começar com os juros mais baixos da nossa história, ou seja, com custo financeiro reduzido, com um câmbio mais elevado, a R$ 2, R$ 2 e pouquinho [cotação do dólar]. Em janeiro de 2012, era de R$ 1,65", disse. Para ele, a taxa de câmbio pouco acima de R$ 2 por dólar dá mais competitividade para o setor industrial. "Então, nós terminamos este ano com o setor industrial crescendo 1,5% no terceiro trimestre e com a agricultura está indo bem. E esperamos uma melhoria do setor de serviços, que no terceiro trimestre deixou a desejar [no terceiro trimestre de 2012]", acrescentou.

Sobre as taxas de juros, disse que os bancos públicos continuarão reduzindo suas taxas para os clientes em 2013, mesmo com a perspectiva do mercado financeiro de que a taxa básica da economia, definida pelo Banco Central a cada 45 dias, permaneça estável em 7,25% ao ano até o fim do ano que vem. "Os bancos públicos vão continuar reduzindo os juros. Apesar de os juros terem caído bastante ultimamente, ainda estamos defasados em relação ao resto do mundo. No Brasil, se pratica juros elevados. Então, temos condições de ter uma trajetória benigna em relação aos juros".

"Avaliamos que 2012 foi um ano difícil, um ano de adaptação às novas condições. Foi um ano em que baixamos os juros, foi uma queda grande [de 12,5% ao ano em agosto de 2011 para 7,25% ao ano em dezembro de 2012]. E isso obriga os bancos a se adaptarem. Antes, eles ganhavam mais com tesouraria, aplicando em títulos públicos. Agora, se eles quiserem ganhar pouquinho, eles podem continuar com títulos públicos. Só que é mais interessante eles emrpestarem o dinheiro para a produção, para o consumo", disse ele.

Mantega lembrou que os bancos que liberaram mais recursos, em 2012, foram os públicos. "Mas porque os bancos privados não quiserem liberar crédito. Os bancos têm essa natureza mais conservadora. Quando a economia está em crise, como a economia mundial em 2012, eles se retraem. É quase uma reação instintiva dos bancos. Eles [bancos privados] vão voltar em 2013. Já começaram a aumentar um pouco o crédito no fim de 2012. Estão sentindo mais segurança", afirmou o ministro. Segundo ele, as instituições privadas podem crescer mais do que os bancos públicos no próximo ano.

Sobre as críticas feitas pela revista The Economist e pelo jornal Financial Times, Mantegadeclarou que isso se deve ao fato de ter pisado em "calos" de alguns especuladores. "Neste ano, eu contrariei o interesse dos especuladores internacionais. Não dos investidores, do pessoal que vem para a bolsa, mas dos especuladores que não são nem os grandes bancos. São meia dúzia que tem por aí. Tinham uma 'boquinha' aqui no Brasil. Ganhavam fácil dinheiro, especulando", disse. Segundo o ministro, estes especuladores buscavam recursos no Japão, e Estados Unidos, com juros baixos (próximos de 1% ao ano) e aplicavam no Brasil, que rendia 12% a 13% ao ano. "Essa 'boquinha' acabou. Então, eles estão melindrados. Tem muita gente na praça de Londres, que é a sede destas revistas, que estão la. Uma delas chegou a citar um fundo, que é de segunda linha, que tem aplicações no Brasil e que deixou de ganhar dinheiro", afirmou ele.

Com apoio da presidente da República, Dilma Rousseff, que declarou que irá manter Mantega no governo, ele completará, em março de 2014, mais de oito anos no cargo, superando Pedro Malan, da gestão Fernando Henrique Cardoso, se tornando o ministro da Fazenda a ter permanecido por mais tempo no cargo.

Com informações do G1 e Luiz Nassif Online