Rap feminista defende a legalização do aborto

28 de setembro é o Dia pela Legalização do Aborto na América Latina e Caribe e uma data em que diversos movimentos feministas saem às ruas para protestar contra a criminalização do aborto. O movimento Católicas pelo Direito de Decidir tem impulsionado uma campanha pela legalização do aborto e contou com o talento de Elisa Gargiulo e da MC Luana Hansen para a produção de uma música sobre o tema.

Ventre Livre de Fato é um rap, interpretado por Luana, com batidas fortes e uma mensagem clara, além de dados sobre vítimas do aborto inseguro.

Elisa Gargiulo é guitarrista e vocalista da banda Dominatrix, uma das precursoras do punk rock feminista no Brasil, impulsionado pelo movimento estadunidense Riot Grrrl. Além da cena punk, Elisa passou a acompanhar os espaços da militância feminista. Já a MC Luana Hansen tem uma carreira no hip hop, fez participações com grupos como RZO e A Força, além de fundar o grupo A.T.A.L, composto só por mulheres. Durante sua caminhada, Luana sentiu na pele o machismo, porém foi após a parceria com Elisa que, além da música, as duas saíram pelas ruas de São Paulo para gravar o videoclipe da música e enquanto Elisa lidava com a câmara, Luana dublava as letras acompanhada por um fone de ouvido.

Para a campanha, além das expressões artísticas, foi lançado um editorial debatendo a Proposta de Lei do Senado 236/2012, que determina a reforma do Código Penal brasileiro. As Católicas pelo Direito de Decidir expressam o apoio à proposta de modificação da lei que criminaliza o aborto. De acordo com o novo texto, que está em tramitação no Senado, o aborto legalizado fica ampliado para a 12ª semana de gravidez, desde que um médico ou psicólogo ateste que a mulher não terá condições de arcar com a maternidade. “Ainda que o aborto permaneça criminalizado, com pena menor, trata-se de avanços consideráveis que poderão salvar a vida e resgatar a dignidade de milhares de mulheres”, aponta o texto.

Como foi a produção da campanha e da música? Vocês já se conheciam?
Elisa: A música foi lançada em um site – sededeque.com.br/28desetembro – que tem a música e o vídeoclipe para download, um editorial assinado pelas Católicas e uma fotonovela chamada O Bilhete, que fiz recentemente. Além de três cartazes, que são releituras de um cartaz que eu levantei em uma manifestação na Praça da Sé, em março desse ano. Teve uma manifestação do bispo Bergonzini e tinha um cartaz da TFP escrito “em memória aos fetos abortados” e eu levei um que dizia “em memória às mulheres vítimas do aborto ilegal”. Houve um momento de grande agressividade por parte deles, tem até o vídeo, enfim… E três artistas fizeram releituras desse cartaz como parte da campanha, o Carlos Dias, a Silvana Mello e o Stephan Doitshnoff. E as Católicas foram fundamentais para que eu entendesse o aborto. Eu achava que entendia, mas é uma organização que produz muito conhecimento. Então, a música Ventre Livre de Fato foi para trazer informações técnicas desse conteúdo que as Católicas possuem.

Luana:
A gente já se conhecia através de outros trabalhos que fizemos juntas, inclusive um documentário. Foi ela que me trouxe o projeto e fizemos juntas. Ela me mostrou o que era, me colocou a par de tudo que estava acontecendo e, então, fomos desenvolvendo a ideia.

Fonte: Caros Amigos