“Existe uma guerra mundial contra a Síria”, denuncia embaixador

O embaixador da República Árabe da Síria, Mohammed Khaddour, esteve na sede nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), na última quarta-feira (16), para participar de um debate sobre a situação do país.

Por Érika Ceconi, da Redação do  Vermelho

Ato Síria - Érika Ceconi/Vermelho

A atividade, que fez parte dos três anos da criação do Grupo de Trabalho e Estudo sobre o Mundo Árabe (GT Árabe), começou com um minuto de silêncio em homenagem aos mortos nos conflitos. 

O membro do GT Árabe, Assad Frangieh, que fez uma exposição sobre a geografia daquele país, mostrou que a Síria está cercada por tropas armadas em todas as suas fronteiras, além dos grupos mercenários, financiados pelos Estados Unidos e seus aliados, infiltrados no país.

Neste sentido, o embaixador sírio denunciou que “existe uma guerra mundial contra a Síria”. De acordo com ele, as potências estrangeiras se aproveitaram de manifestações por reformas no país, que ocorreram em 2011, para infiltrarem membros da Al-Qaida para destruir a infraestrutura do Estado para criar o caos no país.

“Desde o início da crise o governo chamou para o diálogo, para impedir a intervenção estrangeira no país (…) durante um ano vários projetos de lei foram aplicados, mesmo assim estes países estimularam a violência”, declarou.

Mohammed Khaddour destacou que 90% dos combatentes no país não são sírios e mostrou, como prova deste fato, uma lista dos mercenários capturados que são de outras nacionalidades.

Solidariedade Internacional

Representando do PCdoB, o vereador Jamil Murad se solidarizou com a Síria e denunciou a desinformação propagada pela mídia. “É uma satisfação receber o embaixador na sede do partido, para que haja uma informação que não seja da mídia ocidental monopolista.”

“Acreditamos no propósito da busca pela paz, progresso e cooperação entre os povos”, disse o comunista. Segundo ele, em sua visita à Síria, presenciou um país organizado e tranquilo.

Emocionado, o deputado estadual do PT, Adriano Diogo, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, mostrou seu repúdio à violência no país. “Esses mercenários só têm por objetivo a dominação política, econômica e a destruição das raízes dos povos do Oriente Médio.”

Representando o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Rubens Diniz lembrou que a organização participou de uma missão internacional na Síria, onde puderam presenciar a unidade da população e declarou que “em nome dos direitos humanos, as potências imperialistas querem ter o direito à guerra”.

O secretário-geral da Federação Árabe Palestina no Brasil (Fepal), Emir Mourad, lembrou: “Tem uma palavra muito especial que o povo palestino agarra com unhas, dentes e sangue, que é a autodeterminação dos povos, sua política independente”.

Mourad falou que mais do que uma questão política, defender a soberania da nação é a defender os princípios fundamentais e concordou com Jamil a respeito dos meios de comunicação. “A grande mídia mente para o mundo para justificar as invasões.”

Solução política e pacífica da crise

No último dia 6 de janeiro, o presidente sírio, Bashar al-Assad, fez um plano de paz para o país que consiste em três etapas: a primeira, acabar com a violência no país, a segunda, prevê um diálogo nacional com objetivo de criar uma Carta Magna, com os anseios da população. Para esta etapa o governo garante o livre trânsito de todos os sírios que quiserem participar e, na terceira, será formado um novo governo ministerial do país que supervisionará as mudanças e as colocará em prática.

A respeito do recente bombardeio à Universidade Síria de Alepo, que deixou mais de 80 mortos e 160 feridos, Assad Frangieh acredita que seja outra ação dos mercenários em resposta ao Plano de Paz, proposto pelo presidente. “O Exército da Síria declarou que a região de onde partiram os mísseis [contra a Universidade] foi, literalmente, próximo a fronteira com a Turquia”, afirmou.

O evento reuniu diversas organizações, partidos políticos e pessoas solidárias à Síria, que puderam demonstrar seu apoio à soberania e autodeterminação do povo, que sofre há dois anos com a crise no país.

O embaixador agradeceu a todos que participaram do ato e disse ainda que Assad tem o apoio da população e do Exército Sírio e que com este Plano de Paz o governo vai preservar o Estado da Síria.