EUA: Senado debate aprovação de Hagel como secretário de Defesa 

Um painel dividido no Senado dos EUA aprovou a nomeação de Chuck Hagel como o novo secretário de Defesa do presidente Obama nesta terça-feira (12). Foi o primeiro passo em direção à votação do Senado completo, possivelmente ainda nesta semana.

 O Comitê de Serviços Armados do Senado, com 14 votos a 11, dentro das linhas partidárias, aprovou a nomeação de Hagel, depois de duas horas de intenso debate. O senador David Vitter, republicano, não votou e disse que o processo tinha sido demasiado apressado.

O senador democrata Carl Levin, o presidente do comitê, disse a repórteres que esperava por um voto de todo o Senado pela nomeação de Hagel ainda esta semana, mas isso pode ser atrasado caso os republicanos usem as táticas procedimentais para emperrar o processo.
Harry Reid, o líder da maioria no Senado, disse esperar que o debate começasse na quarta-feira (13).

A nomeação de Hagel, um ex-senador republicano, sofreu oposição drástica de alguns de seus companheiros republicanos, que levantaram questionamento sobre suas visões em relação ao Irã e a Israel, supostamente solto demais no primeiro caso, e duro demais no segundo, entre outras questões.

Mas Hagel provavelmente será confirmado, já que nenhum democrata se opôs a sua nomeação. Ainda, ao menos dois republicanos disseram que votarão nele; além disso, alguns disseram que não apoiarão o uso de nenhum mecanismo procedimental para forçar os democratas a precisarem dos 60 votos para confirmar a nomeação.

“Confortável” com o Irã

A audiência de terça-feira desandou algumas vezes para discussões entre democratas e republicanos. Em uma ocasião, o republicano James Inhofe acusou Hagel de ser demasiado “acomodado” com o Irã, que teria supostamente apoiado a sua nomeação.

Levin insistiu que a batalha de confirmação não enfraqueceria Hagel nem diminuiria sua habilidade de trabalhar com o comitê. “Às vezes você pode se fortalecer com essas brigas”, ele disse aos repórteres.

O testemunho de Hagel frente ao painel de serviços armados durante sua audiência de confirmação, em 31 de janeiro, também foi criticado. Até mesmo alguns democratas disseram que ele pareceu despreparado e às vezes hesitante durante o questionamento agressivo dos membros republicanos do comitê.

“Ameaça” da Coreia do Norte

Republicanos criticaram declarações passadas de Hagel, como sua oposição ao “ímpeto” do ex-presidente George W. Bush, que mandou milhares de tropas adicionais ao Iraque.
“Há pouquíssimas pessoas que estiveram assim tão errados sobre tantas coisas", disse a senadora Lindsey Graham, que tem sido uma das mais fortes oponentes à nomeação de Hagel, claramente defendendo as intervenções militares às quais os EUA tem se imposto, principalmente depois do 11 de setembro, em políticas belicistas generalizadas.

Levin elogiou o histórico do nomeado e pediu a sua confirmação breve, com base nos problemas orçamentários do país e com “ameaças internacionais” como o teste nuclear conduzido na Coreia Popular, apenas algumas horas antes da audiência. Não houve declarações sobre a postura da liderança norte-coreana sobre a postura hostil dos EUA na região ou sobre a afirmação de seu direito à autodefesa, porém.

“Precisamos de um secretário de Defesa. Temos o uso de uma arma nuclear na Coreia do Norte”, disse Levin sobre o teste nuclear conduzido na Coreia Popular nesta semana. A escolha de Hagel para o cargo já trouxe especulações sobre sua postura quanto a determinados assuntos no Oriente Médio, mas ainda não revelou muito sobre uma possível escalada das tensões na península coreana.

Os EUA já mantêm exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul na fronteira marítima com o norte, numa postura também provocativa, enquadrada nas políticas “hostis” que o país estabelece na região, segundo o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores norte-coreano.

Com Al-Jazeera