População precisa economizar água

Levantamento da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento (Adasa) mostra que a qualidade da água do DF está situada nas faixas “média” e “boa”. Já no quesito quantidade, os resultados são menos animadores: alguns pontos do DF estão em estado de alerta ou crítico.

Os resultados revelam que o uso racional e prudente do recurso natural é cada vez mais necessário. Segundo Rafael Mello, superintendente de Recursos Hídricos da Adasa, quando o assunto é a quantidade de recursos, o Lago Paranoá merece atenção especial. “Em alguns períodos do ano, a quantidade de água do Lago é comprometida em função da impermebialização, que faz com que os rios sequem mais rápido”, explica. Mello destaca que boa parte da chuva ocasiona acentuada infiltração: “Cerca de 30% do que chove infiltra”.

O superintendente explica que no Parque Nacional também é possível verificar acentuada escassez. “Dentro do parque, o alerta é em relação ao uso por parte da Caesb, para complementar o abastecimento de água para a população”, justifica. De acordo com ele, alguns fatores contribuem diretamente para essa escassez: “Várias ações resultam na diminuição dos recursos hídricos, entre eles o uso em excesso, a devastação da vegetação nativa, as ocupações irregulares e o assoreamento dos rios”, enumera.

Já quando o assunto é a qualidade, Rafael afirma que entre as sub-bacias que apresentaram Índice de Qualidade de Água (IQA) abaixo do esperado estão o Ribeirão Sobradinho e Rio Melchior. “Com base nesse resultado vamos direcionar as ações. Daqui para frente, colocaremos uma lupa em cima dessas regiões”, afirma. Para ele, o resultado ruim não é uma surpresa: “São regiões em que o próprio DF decidiu aceitar esse nível de qualidade. São áreas em que há o tratamento de esgoto e já estão dentro dos seu limite”.

Para Mello, as condições climáticas exigem atenção especial. “Em determinada época do ano, temos considerável quantidade de água. Já no período seco, a capacidade de diluição dos rios diminuiu consideravelmente”, completa.

Escassez e poluição

Para chegar aos resultados divulgados, desde 2009 são monitoradas águas dos rios por meio das 47 estações da Adasa. Nas áreas onde foram observadas mediações de qualidade média, o problema está relacionado com lançamentos de efluentes domésticos (esgoto), a principal fonte poluidora hídrica do DF.

É importante destacar que, na maioria dos casos, os dois males não atingem as sub-bacias simultaneamente. Os problemas costumam ser em relação à qualidade ou em relação à quantidade, separadamente. Entretanto, em alguns casos, a situação tem como agravante a ocorrência simultânea de escassez e qualidade, como observado nas regiões dos rios Descoberto — responsável por 65% do abastecimento de água do DF —, e Maranhão.

Assoreamento

De acordo com o Secretário de Meio Ambiente, Eduardo Brandão, um dos fatores que mais contribuem para a escassez de água no Lago Paranoá é o assoreamento. “Existem vários pontos de terra que se formam por todo o lago. Nos últimos anos, é possível notar uma perda considerável de água e volume. Todo lago artificial necessita de uma manutenção periódica’’, declarou.

Segundo Brandão, para solucionar essa questão, a secretaria desenvolveu o projeto Caminho para as Águas. A ação consiste na recuperação das margens com o replantio das matas ciliares, além da formação de áreas de convivência. A ideia é socializar estas margens, transformando os usuários nos principais protetores e fiscais dessas áreas.

Distribuição inadequada

Segundo o engenheiro agrônomo, Fábio Alessandro Padilha Viana, a escassez de água no DF tem aumentado em função da distribuição e da reposição inadequadas. “Á água não está acabando, porém, a distribuição não é eficiente. Observo que aqui existem poucas áreas impermeáveis, o que já é uma grande vantagem”, alertou o engenheiro.

Para ele, a conscientização pode mudar esse cenário. “Não vamos ter grandes problemas futuros em relação a água. Aqui, as pessoas não têm tanto hábito de desperdiçar água como em outros estados. O desperdício maior são oriundos de problemas estruturais. Por isso, acredito que a solução seja a adoção de medidas por parte das autoridades responsáveis para coibir o aumento da escassez”, explicou Viana.