BA: Começa julgamento dos pagodeiros acusados de estupro

As primeiras audiências do julgamento dos nove integrantes da banda New Hit, acusados de estuprar duas adolescentes na cidade de Ruy Barbosa, em agosto do ano passado, começaram na manhã desta segunda-feira (18/2) e devem durar até a próxima quarta (20). Protestos na frente do Fórum Dr. Edgar Mandes de Quintela, do município, marcaram o primeiro dos trabalhos.

Desde o início da manhã, representantes de movimentos de defesa da mulher e da criança e do adolescente se aglomeravam no local, exibindo faixas e cartazes que pedem a condenação dos músicos. O Vermelho conversou com a conselheira tutelar do município, Silene Ribeiro, que acompanha o julgamento.

“Aqui na cidade tem muito movimento, são muitas manifestações acontecendo. Estão aqui movimentos de mulheres, o CMDCA [Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente], o CECA [Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente], a Comissão da Mulher da Assembleia Legislativa, da deputada Luiza Maia [autora do projeto anti-baixaria]”, destacou Silene.

A conselheira disse ainda que aguarda com grande expectativa a sentença. “O Conselho Tutelar acompanha o julgamento e torce para que os acusados, se considerados culpados, sejam punidos. Queremos que a justiça seja feita!”, acrescentou.

Em nota, a União Brasileira de Mulheres (UBM) pediu a prisão dos acusados e informou que acompanha o caso desde o início. A coordenadora nacional, Danielle Costa, afirmou que a UBM repudia qualquer prática violenta contra a vida e a dignidade das mulheres.

“Percebe-se uma inversão de valores, pois as jovens estupradas do caso New Hits estão sendo constrangidas e ameaçadas. Assim, defendemos que esse caso tenha um veredito justo, não aceitamos que a Bahia e o Brasil retrocedam na luta pelos direitos humanos e das mulheres”, diz a nota.

Até o fim do julgamento, devem ser ouvidas 14 testemunhas de acusação e 32 de defesa. Na próxima quarta, quando devem encerrar as audiências, a UBM participa de uma vigília em frente à Secretaria de Segurança Pública, na Praça da Piedade, a partir das 9h, em protesto contra a banda.


Entenda o caso

Os músicos foram presos no dia 25 de agosto, depois que duas jovens menores de idade denunciaram que foram forçadas a manter relações sexuais com eles dentro do ônibus do grupo, após uma apresentação na cidade. Um policial militar também foi detido por suspeitas de conveniência com o crime.

Após um mês presos, todos eles foram soltos em outubro, por um habeas corpus que garantiu o direito de responderem em liberdade. Além de estupro, eles também respondem por formação de quadrilha.

De Salvador,
Erikson Walla