Mulheres camponesas reunidas em Brasília pedem fim da violência

Na manhã desta segunda-feira (18), no Parque da Cidade, área central de Brasília (DF), aconteceu coletiva de imprensa para divulgação do 1º Encontro Nacional do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC). O encontro será aberto às 14 horas de hoje e prossegue até quinta-feira (21), reunindo cerca de três mil mulheres camponesas de todo o Brasil, além de representantes de entidades nacionais e internacionais de apoio à luta das mulheres.

Mulheres camponesas reunidas em Brasília pedem fim da violência - Agência Brasil

Com o tema “Na Sociedade que a Gente Quer, Basta de Violência contra a Mulher!”, elas buscam políticas públicas que reduzam a violência e garantam geração de renda e autonomia para as mulheres no campo. Além da questão de violência, elas vão discutir outros itens, como a aceleração da reforma agrária e a titulação de terras; a licença maternidade de seis meses para as mulheres do campo, etc.

As reivindicações das camponesas serão apresentadas à presidenta Dilma Rousseff que deve participar do encontro nesta terça-feira (19).

Na coletiva de imprensa, as organizadoras do evento divulgaram a programação completa do encontro, com a confirmação das autoridades nacionais e internacionais que estarão presentes, assim como as informações sobre a marcha das participantes pela Esplanada dos Ministérios, na quinta-feira (21), que encerrará as atividades do evento.

Uma mostra com a produção das camponesas, como artesanato e doces, está exposta no Pavilhão de Exposição do Parque da Cidade.

Papel importante

Segundo Noeli Taborda, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), o objetivo do encontro é “fortalecer o movimento desde a base à direção nacional, dando visibilidade ao papel importante que a mulher exerce na produção de alimentos, celebrando conquistas e planejando o futuro”.

A ribeirinha Tânia Chantel, do Amazonas, fala sobre as demandas das mulheres camponesas, cobrando a reforma agrária e a garantia da titulação da terra. “É importante termos um título da terra que nos garanta lá permanecer. Não tendo o título, nos sentimos ameaçadas", diz.

Mas para quem vive em um assentamento da reforma agrária, há outras demandas igualmente urgentes. “A terra por si só não serve, porque precisamos de uma infraestrutura que é estrada, energia, água, saúde pública”, diz Maria Cavalcante, que vive em um assentamento da reforma agrária no estado de Alagoas.

O movimento das mulheres camponesas tem forte ligação com a produção ecológica de alimentos e busca também recursos públicos subsidiados para essa atividade. “O trabalho das mulheres não é valorizado e é preciso mostrar a importância do nosso trabalho para a produção de alimentos saudáveis, pois a produção que as mulheres fazem, na maioria, é uma produção orgânica rumo à agroecologia”, disse a coordenadora do MMC, Justina Sima.

Vários temas

O encontro tem a participação de lideranças camponesas de países da América Latina e da América Central, de acordo com a coordenação do evento. Durante os dias do encontro, as mulheres vão discutir vários temas, como produção de alimentos saudáveis, combate à violência contra as mulheres e feminismo. Além de estudos, discussões e vivências, as camponesas também terão atividades culturais.

O MMC constitui-se como um movimento autônomo, classista, camponês, feminista e socialista, que traduz a luta de milhares de mulheres brasileiras trabalhadoras, mães, camponesas, negras, brancas, índias. Está articulado em 22 estados do país e é uma organização que faz parte da Via Campesina-Brasil. 

Da Redação em Brasília
Com agências